"Intimidade conquistada"
Difícil afirmar se a recente tomada de uma trincheira até então intransponível na Arábia Saudita também pode ser creditada à Primavera Árabe. Por decreto do rei Abdullah, e regulamentação do Ministério do Trabalho, todas as lojas de lingerie e cosméticos do país têm até junho para começar a empregar mão de obra exclusivamente feminina.
A novidade, que entrou em vigor neste início de ano, em nada se assemelha à virada de mesa provocada pelos povos da Tunísia, do Egito, Iêmen, Omã, Síria e outros quadrantes do norte da África e do Oriente Médio. Ainda assim, é uma revolução. Da intimidade. Vinte e oito mil candidatas já se apresentaram para vender calcinhas, sutiãs e, por tabela, sonhos sensuais a suas conterrâneas.
Até então, a mão de obra no setor era quase exclusivamente masculina e estrangeira – em grande maioria marmanjos asiáticos, imigrados legalmente. Isso porque, na versão mais fundamentalista da sociedade saudita, a mulher só pode conviver e falar com um grupo seleto de homens: pai, avô, tios, marido, irmãos e filhos. As cintilantes lojas de lingerie existentes em templos de consumo, como o Kingdom Centre, na capital Riad, simplesmente não podiam empregar atendentes mulheres.
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