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Próximo Futuro

Próximo Futuro

18
Nov11

PROCHAIN FUTUR: "Nollywood" à Paris

Próximo Futuro

© Pieter Hugo, “Chris Nkulo and Patience Umeh. Enugu, Nigéria”, 2008

(da série "Nollywood"). Cortesia STEVENSON, Cidade do Cabo e Yossi Milo, Nova Iorque 

 

 

Hoje é dia das "Grandes LIÇÕES" em Paris (no Théâtre de la Ville), no final das quais, às 19h00, inaugurará a exposição "Nollywood", do reconhecido fotógrafo Pieter Hugo, recentemente galardoado com o mais importante prémio dos Encontros Fotográficos de Bamako ("Prix Seydou Keïta").

A exposição é organizada pelo Programa Gulbenkian Próximo Futuro/Prochain Futur em parceria com o Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento e co-produção com o Théâtre de La Ville de Paris. Tem a curadoria de António Pinto Ribeiro e de Federica Angelucci, estando em exibição no Théâtre de la Ville de Paris até 30 de Dezembro de 2011.

 

 

Nollywood 

 Na série de fotografias intitulada “Nollywood”, Pieter Hugo confronta o papel do fotógrafo no domínio onde interagem a ficção e a realidade. “Nollywood” é considerada a terceira maior indústria cinematográfica do mundo, lançando perto de 1000 filmes por ano para o mercado de home vídeo. Tal abundância é possível devido ao facto de os filmes serem realizados em condições que assustariam a maioria dos realizadores independentes ocidentais. Os filmes são produzidos e comercializados em apenas uma semana: equipamentos de baixo custo, guiões muito básicos, actores escolhidos no próprio dia da filmagem, locais de filmagem da ’vida real’.

Em África, os filmes de “Nollywood” são um raro exemplo de auto-representação nos meios de comunicação social. A rica tradição de narração de histórias do continente, comunicada de forma abundante através da ficção oral e escrita, é transmitida, pela primeira vez, através dos meios de comunicação social. As histórias na tela reflectem e apelam às vivências do público: os protagonistas são actores locais; os enredos confrontam o espectador com situações familiares de romance, comédia, bruxaria, corrupção, prostituição. A narrativa é exageradamente dramática, sem finais felizes, trágica. A estética é ruidosa, violenta, excessiva; nada se diz, tudo se grita.

Nas suas viagens pela África Ocidental, Hugo tem-se intrigado por este estilo distinto de construção de um mundo ficcional onde se entrelaçam elementos do quotidiano e do irreal. Ao pedir a uma equipa de actores e assistentes para recriar mitos e símbolos de “Nollywood” tal como se estivessem em sets de filmagem, Hugo iniciou a criação de uma realidade verosímil. A sua visão da interpretação do mundo pela indústria cinematográfica resulta numa galeria de imagens alucinatórias e inquietantes.

A série de fotografias retrata situações claramente surreais mas que podiam ser reais num set de filmagens; para além disso, estas estão enraizadas no imaginário simbólico local. Os limites entre documentário e ficção tornam-se bastante fluidos e somos deixados a pensar se as nossas percepções do mundo real são de facto verdadeiras.

Federica Angelucci

 

Pieter Hugo nasceu em 1976 e cresceu na Cidade do Cabo, onde continua a residir. As suas participações em exposições colectivas actuais e futuras incluem “Urban Lives”, na Shoshana Wayne Gallery (Califórnia), “All Cannibals”, na Collectors Room (Berlim), “ARS 11”, no Kiasma Museum of Contemporary Art (Helsínquia), Mannheim Photo Festival (Alemanha) e “The Global Contemporary: Art worlds after 1989”, no ZKM Center for Art and Media (Karlsruhe). As suas mais recentes exposições individuais decorreram no Institute of Modern Art (Brisbane, 2010), na Yossi Milo Gallery (Nova Iorque, 2010), no Le Chateau d'Eau em Toulouse (França, 2010), no Australian Centre for Photography (Sydney, 2009) e no Foam Fotografiemuseum (Amesterdão, 2008). As suas participações em exposições colectivas incluem “The Endless Renaissance”, no Bass Museum of Art, em Miami Beach (Florida, 2009), “Street & Studio: An urban history of photography”, no Tate Modern (Londres, 2008), “An Atlas of Events”, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2007) e a 27ª Bienal de São Paulo (Brasil, 2006). Foi galardoado com o primeiro prémio na categoria de Retratos no concurso da World Press Photo (2006) e ganhou o Prémio Standard Bank para o Melhor Jovem Artista Plástico (2007). Em 2008, foi galardoado com o Prémio KLM Paul Huf e com o Prémio Descoberta 2011, no Festival de Fotografia Rencontres d’Arles, em França. Em 2011 recebeu o grande "Prix Seydou Keïta" dos 'Encontros de Bamako', a mais importante bienal de fotografia africana.

 

 

Mais informações no site do Próximo Futuro e/ou através do email proximofuturo@gulbenkian.pt

 

17
Nov11

PROCHAIN FUTUR: Grandes Leçons et Pieter Hugo à Paris

Próximo Futuro

© Pieter Hugo, “Emeka Onu. Enugu, Nigéria”, 2008 (da série "Nollywood").

Cortesia STEVENSON, Cidade do Cabo e Yossi Milo, Nova Iorque 

 

Amanhã, dia 18 de Novembro (6f), das 14h às 18h, repetem-se no Théâtre de la Ville de Paris as GRANDES LIÇÕES apresentadas ontem na sede da Fundação Calouste Gulbenkian pelo Programa Gulbenkian Próximo Futuro, fruto de uma co-produção que também envolve o Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento, a Casa da América Latina (Lisboa), a CML, a Embaixada do Peru e a ACEP.

 

Às 19h, também no Théâtre de la Ville de Paris, inaugura a mais recente exposição do fotógrafo sul-africano Pieter Hugo (recém-galardoado com o grande prémio "Seydou Keïta" dos Encontros de Bamako), intitulada "Nollywood", com curadoria de António Pinto Ribeiro e Federica Angelucci.

 

Aproveitamos para disponibilizar todas as sinopses e biografias em francês:

 

GRANDES LEÇONS

 

GUSTAVO FRANCO

Indices du bonheur, actuel et futur, au Brésil: aspects conceptuels et déterminants économiques

Les problèmes d’ordre conceptuels inhérents aux indicateurs subjectifs du bonheur, qui ont récemment suscité une vaste production bibliographique dans le milieu académique, remontent aux origines-mêmes de la discipline. Ceci étant les progrès intervenus ces dernières années à la croisée entre économie et psychologie ainsi que le développement de ladite ‘économie expérimentale’ ont ouvert de nouvelles avenues visant l’élaboration et l’usage de ces indicateurs-là, qu’il s’agisse d’exploiter ou d’établir de nouveaux caps pour les politiques publiques. Dans le cadre de ce nouveau domaine de recherche se posent certaines questions primordiales, à savoir le rapport entre le niveau des revenus, ou plus généralement l’essor économique, et les indices du bonheur actuel et futur de divers pays. Plusieurs paradoxes existent à l’égard de ce rapport, l’un d’eux revient systématiquement dans bon nombre de recherches et concerne le résultat empirique selon lequel le progrès matériel a une influence aussi petite que restreinte lorsqu’il s’agit de définir le degré du bonheur. C’est sur cet axe qu’apparaissent les questions à propos du PIB et son taux de croissance comme étant l’objectif majeur des politiques publiques, probablement au détriment d’autres dimensions de la vie en société. Toutefois, les chiffres relatifs au Brésil suggèrent que nous fassions une lecture prudente de ces paradoxes; il serait peut-être prématuré d’abandonner les indicateurs strictement économiques de l'affluence. Bien qu’il s’agisse d’un pays émergent à revenu moyen, l’indice du bonheur actuel, mesuré de façon systématique par Gallup Poll, se situe dans le premier quart de la distribution globale et l’indice du bonheur futur du Brésil occupe le premier rang à l’échelle mondiale depuis cinq ans. Les résultats brésiliens, tout comme leurs déterminants, fournissent un excellent point de vue pour un débat plus ample sur le sens, la portée et les répercussions des indices du bonheur dans une optique de politiques publiques et des calculs qui en découlent.

 

Gustavo H. B. Franco est à la fois membre du Conseil d’administration de la Banque Daycoval (conseiller indépendant) et de celui de Globex Utilidades S/A. De nationalité brésilienne, il a terminé ses études universitaires, filière Economie, à la PUC – Pontifícia Universidade Católica de Rio de Janeiro en 1982, puis a enchaîné sur des 3ème cycles à l’université d’Harvard : M.A. (1985) et Ph.D (1986). Entre 1986 et 1993, il a non seulement enseigné mais encore fait de la recherche et du conseil spécialisé en questions économiques – inflation, stabilisation et économie internationale. Dans le service public, il a ensuite occupé plusieurs postes de 1993 à 1999 : au ministère des Finances en tant que secrétaire-adjoint chargé de Politique économique ; directeur aux Affaires internationales et président de la Banque centrale du Brésil. Parmi ses maintes activités, il a joué un rôle primordial dans le cadre du plan Real ; en formuler les termes, le rendre opérationnel et assurer son administration. A l’issue d’une année sabbatique (1999), il a fondé Rio Bravo Investimentos (2000), une société d’investissements qui correspond aujourd’hui à son activité principale. Il appartient aussi à plusieurs conseils d’administration et consultatifs et est régulièrement sollicité dans le but d’intervenir dans l’évènementiel d’entreprises.

 

BENJAMIN ARDITI

Le devenir-autre du politique: Notre futur proche s’inscrit dans le post-libéralisme et la politique virale

Je proposerais deux critères permettant de sous-tendre le devenir-autre du politique. L’un vient du fait que nous opérions d’ores et déjà dans un cadre post-libéral compte tenu du dépassement de deux piliers du libéralisme; d’abord parce que le politique va au-delà de la représentation électorale et déborde les frontières territoriales de l’Etat souverain, ensuite quoique les personnes ne se connaissent pas les unes les autres elles peuvent agir de concert sans avoir à solliciter en permanence les structures de commandement propres aux partis politiques et aux mouvements sociaux. A propos des systèmes ouverts ayant multiples points d’accès, l’image du rhizome de Deleuze montre comment penser ce genre de coordination. J’y ferai appel pour parler de la connectivité virale et de la politique virale qui se nourrissent des nouveaux média. J’examinerai ces deux indicateurs du devenir-autre du politique en évoquant brièvement une série d’insurrections, de l’argentin “Qu’ils s’en aillent tous, qu’il n’en reste aucun” à plusieurs autres mouvements qui ont vu le jour cette année-ci: les étudiants chiliens; les révoltes en cours, au Maghreb, et le M-15, en Espagne. Quel qu’en soit le dénouement, j’ai le sentiment que ces insurrections renvoient aux «médiateurs disparaissants» dont parle Fred Jameson; en quelque sorte des médiateurs qui font office de symptôme de l’émergence de notre devenir-autre. Pour terminer, je ferai une ébauche de la politique virale et chercherai à en évaluer les pour et les contre.

 

Benjamin Arditi est professeur d’Etudes politiques à l’université nationale autonome du Mexique (UNAM). Il a fait son doctorat de 3ème cycle à l’université d’Essex, au Royaume-Uni. Professeur près les universités Santa Catarina (Brésil), Maryland (Etats-Unis) et d’Essex (RU), il a également été invité à dispenser des cours auprès des universités d’Edimbourg et de Saint Andrews (Royaume-Uni). Au Paraguay, il est à la fois directeur de recherche au sein d’une ONG, journaliste et activiste. Après la chute de Stroessner, il y a lancé une campagne d’éducation civique à l’échelon nationale. Son dernier ouvrage en date s’intitule “Politics on the Edges of Liberalism. Difference, Populism, Revolution, Agitation” (Edimbourg, 2007) et il est encore le coéditeur de «Taking on the Political», une série d’ouvrages ayant trait aux questions politiques continentales encore que publiées par les éditions Edinburgh University Press. Son travail le plus récent porte sur le devenir-autre du politique, en particulier le post-libéralisme, la politique virale et la post-hégémonie.

 

SERGE MICHAILOF

Une planète déboussolée : Que peut faire l’aide au développement ?

L’opinion publique de nos sociétés aisées n’a toujours pas saisi que les pays riches ne maîtrisent plus les changements de fond qui interviennent dans le monde en développement. Notre planète étant devenue un village global, les secousses démographiques et environnementales aussi bien du côté des pays les plus pauvres que de celui des économies émergentes du Sud auront dorénavant des répercussions sur le confort, le mode de vie et les croyances du Nord. Les tensions s’érigent dans beaucoup de régions où la misère et les frustrations bouillonnent. Il est essentiel de comprendre pourquoi l’aide a, la plupart du temps, échoué dans les Etats fragiles surtout si l’on veut éviter qu’une spirale vers le bas s’étende de la Corne de l’Afrique jusqu’en Afrique centrale. A ce propos, bâtir des institutions étatiques fortes est de mise ; toujours est-il que cet objectif n’est pas à la portée des interventions militaires extérieures et n’a jamais été une priorité de l’assistance humanitaire ni développementale, trop centrée sur la bienfaisance à court terme plutôt que sur la durabilité à long terme.  Dans un contexte où l’épuisement des ressources de la planète prend une ampleur sans précédents, les organismes liés à l’aide au développement peuvent devenir d’importants partenaires dans le but d’aider aussi bien les pays riches que les pays émergents à cogérer ces questions cruciales et à mettre en œuvre des stratégies de partage plus astucieuses. Tandis que nous affrontons un monde plus instable, une nouvelle approche de l’aide au développement fondée sur les intérêts communs du Nord et du Sud est non seulement envisageable mais surtout indispensable.

 

Serge Michailof s’est impliqué dans les problèmes de développement depuis 1968. Il enseigne actuellement à Sciences Po Paris un cours sur l’aide publique au développement. Il est consultant régulier pour la Banque Mondiale et diverses autres institutions d’aide sur les pays en développement et les problèmes de « post-conflit ». Il s’est tout particulièrement spécialisé dans les questions institutionnelles liées à la reconstruction des appareils d’Etat. Il est en outre conseiller auprès de plusieurs gouvernements. Michailof a fait ses études en France (MBA à HEC - École des Hautes Études Commerciales, licence de sociologie et doctorat d’économie) et aux Etats-Unis (MIT). Il a publié et/ou dirigé cinq livres ”Notre maison brûle au Sud - Que peut faire l’aide au développement? ” (Fayard, 2010) ”A quoi sert d’aider le Sud?” (Economica, 2006), ”La France et l’Afrique” (Karthala, 1993), ”Les apprentis sorciers du développement”», (Economica, 1987), et avec Manuel Bridier le ”Guide pratique d’analyse de projets d’investissements” (Economica, 5ème édition, 1995), un ouvrage didactique bien connu. Il est également l’auteur de nombreux articles portant sur des questions de développement.

Serge Michailof est administrateur du CIAN - Conseil des investisseurs en Afrique noire. La France lui a octroyé les insignes de chevalier de la Légion d’Honneur et de l’ordre du Mérite, et le Sénégal celles de l’ordre du Lion.

 

ELIKIA M'BOKOLO

Que sera l’Afrique dans le future proche?

L’Afrique inquiète les uns, effrayés, à tort ou à raison, par la perspective de hordes migratoires emportées par une course folle vers les paradis consuméristes de ‘l’ Occident’ ou du ‘Nord’, c’est selon. L’Afrique en réjouit aussi plus d’un, au spectacle de ces corpulences irrésistibles dans toutes sortes de compétitions sportives comme à l’audition de ces airs et de ces rythmes si lointains, si étranges et, en même temps si familiers, comme s’ils étaient attendus. Une chose est sûre: l’Afrique interroge, l’Afrique interpelle, l’Afrique trouble. L’Afrique, mais quelle Afrique ? Mon regard sur le futur proche de l’Afrique est celui d’un Africain qui connaît l’Afrique pour y vivre, pour l’étudier et pour y créer, qui connaît aussi le monde pour les mêmes raisons et pour qui l’imagination, la volonté, pourquoi pas le rêve, appuyés sur une observation scrupuleuse sont ensemble la meilleure clé pour rendre réel le possible et pour ouvrir les portes d’un avenir inattendu, meilleur que notre présent. Régénération, renaissance ? Si l’effervescence religieuse indique la vigueur des attentes et si la créativité artistique témoigne de la multiplicité des possibles, c’est néanmoins au prix d’une auto-invention ou réinvention intellectuelle et morale que les Africains assumeront de manière novatrice la lourdeur des défis que laissent deviner les temps présents.

 

Elikia M’Bokolo, agrégé de l’université normalien, est directeur d‘études à l’Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales et professeur à l’Université de Kinshasa. Auteur de nombreux ouvrages de référence, il produit pour Radio France Internationale l’émission hebdomadaire “ Mémoire d’un Continent”, consacrée à l’histoire de l’Afrique et de ses diasporas. Parmi ses oeuvres écrites et audiovisuelles les plus récentes  “Afrique noire. Histoire et civilisations” (2005), “Médiations africaines. Omar Bongo et les défis diplomatiques d’un continent” (2009), “Afrique. Une histoire sonore, 1960-2000” (avec Philippe Sainteny, 2001), “L’Afrique littéraire. Cinquante ans d’écriture” (avec Philippe Sainteny, 2008), “Africa : 50 Years of music. 50 ans d’indépendances” (2010), “Afrique(s). Une autre histoire du XXe siècle” (film documentaire, 4 x 90’, d’Elikia M’Bokolo, Philippe Sainteny et Alain Ferrari, 2010).

 

 

PIETER HUGO

« Nollywood »

 

Dans la série de photos intitulée “Nollywood”, Pieter Hugo relève le rôle du photographe sur le plan de l’interaction entre fiction et réalité.

Deuxième puissance cinématographique au monde en nombre de films depuis 2009, devant les États-Unis (Hollywood) et dépassant l'Inde (Bollywood), le Nigéria lance chaque année environ 2000 films vidéos sur le marché, d’où le terme “Nollywood”.

Une telle abondance advient des conditions de production aux contours effarants pour la plupart des réalisateurs occidentaux indépendants. Les films sont produits et commercialisés en quelques semaines à peine, grâce à des équipements bon marché, des scripts élémentaires, des acteurs retenus le jour même, des sites de tournage en situation réelle.

En Afrique les films de “Nollywood” constituent un exemple hors-pair d’autoreprésentation médiatique. La richesse narrative des histoires du continent, amplement transmise à travers la fiction orale et écrite, est ainsi pour la première fois diffusée par les médias.

Ces histoires qui s’affichent à l’écran non seulement évoquent, mais encore elles interpellent les vécus du public ; somme toute, les personnages principaux sont des acteurs du cru, les intrigues confrontent les audiences à des situations familières, en ayant recours à maints éléments : roman, comédie, sorcellerie, corruption, prostitution. La narration tend à être trop dramatique, sans issues heureuses, au goût plutôt tragique. L’esthétique mise sur le bruit, la violence, l’excès ; rien n’est dit sans cris.

Au gré de ses déplacements en Afrique de l’Ouest, Hugo a été interpelé par ce style particulier de construction d’un monde fictionnel où s’entrelacent des éléments du quotidien et de l’irréel.

En demandant à une équipe d’acteurs et d’assistants de recréer certains mythes et symboles de “Nollywood”, comme s’ils se trouvaient sur le plateau de tournages, Hugo a entamé la création d’une réalité vraisemblable. Sa vision de l’interprétation du monde par cette industrie cinématographique débouche sur une galerie d’images aussi hallucinantes qu’inquiétantes.

Cette série de photos présente des situations nettement surréelles qui prennent pourtant une tournure réelle sur un plateau, en outre elles puisent dans l’imaginaire symbolique local. Les frontières entre documentaire et fiction deviennent assez fluides au point de nous inciter à nous demander si nos perceptions du monde réel sont bien vraies.

Federica Angelucci

 

Pieter Hugo est né en 1976, il a grandi au Cap où il réside toujours. Parmi ses participations à des expositions collectives, actuelles et futures, se dénombrent: “Urban Lives”, Shoshana Wayne Gallery (Californie), “All Cannibals”, Collectors Room (Berlin), “ARS 11”, Kiasma Museum of Contemporary Art (Helsinki), Mannheim Photo Festival (Allemagne) et “The Global Contemporary: Art worlds after 1989”, ZKM Center for Art and Media (Karlsruhe). Ses plus récentes expositions personnelles se sont déroulées à l’Institute of Modern Art (Brisbane, 2010), à la Yossi Milo Gallery (New York, 2010), au Le Château d'eau à Toulouse (France, 2010), à l’Australian Centre for Photography (Sydney, 2009) ainsi qu’au Foam Fotografiemuseum (Amsterdam, 2008). Quant à sa participation dans le cadre d’expositions de groupes, citons: “The Endless Renaissance”, Bass Museum of Art à Miami (Floride, 2009), “Street & Studio: An urban history of photography”, Tate Modern (Londres, 2008), “An Atlas of Events”, Fundação Calouste Gulbenkian (Lisbonne, 2007) et lors de la 27ème Biennale de São Paulo (Brésil, 2006). Le premier prix dans la catégorie Portraits du concours World Press Photo lui a été décerné en 2006. Lauréat du prix Standard Bank Meilleur jeune artiste plasticien en 2007, puis il a reçu le prix KLM Paul Huf en 2008 et le prix Découverte en 2011 lors des aux Rencontres d’Arles Photographie (France).

 

Federica Angelucci est née en Italie. Titulaire d’une maîtrise en science politique de l’Université catholique de Milan, elle est directrice et commissaire d’expositions de photos à la galerie Michael Stevenson au Cap (Afrique du Sud). Auparavant, elle a travaillé chez Magnum Photos à Paris ainsi que chez Peliti Associati, une maison d’éditions photographiques à Rome. Parmi ses projets les plus récents se dénombrent l’exposition "After A", dans le cadre du festival Atri Reportage (2010). Elle prépare actuellement son master d’histoire visuelle à l’Université du Cap occidental.

 

António Pinto Ribeiro est né à Lisbonne. Sa formation universitaire s’étend de la philosophie aux études culturelles, en passant par un cursus en sciences de la communication. Tout son travail de recherche et de production théorique, versé dans nombreuses publications de la spécialité, porte sur ces domaines-là. Il est maître de conférences auprès de plusieurs universités internationales et professeur associé à l’Universidade Católica. Outre son activité de chercheur et d’enseignant, il a un long parcours dans la programmation artistique et la gestion culturelle au titre de l’organisation de manifestations diverses - programmes, festivals et expositions – aussi bien au plan national qu’international. A l’heure actuelle, il est programmateur-général du Programme Gulbenkian Próximo Futuro/Prochain Futur.

 

Mais informações no site do Próximo Futuro e/ou através do email proximofuturo@gulbenkian.pt

 

 

 

31
Out11

exposições em LISBOA e PARIS: 16 e 18 de Novembro!

Próximo Futuro

ROBERTO HUARCAYA, "Alessandro. Chorrillos

(da série 'Recreación Pictórica', 2009-2011)".

 

 

EXPOSIÇÕES *  LISBOA - PARIS

 

É também no âmbito das actividades PRÓXIMO FUTURO de Novembro (produzidas em colaboração com o Programa Gulbenkian de Ajuda ao Desenvolvimento) que, paralelamente à realização da 1.ª apresentação do Observatório de África e da América Latina e à 3.ª parte do ciclo das grandes Lições, inauguram duas exposições de fotografia relacionadas com a "percepção e representação contemporâneas de África e da América Latina" (tema geral das conferências que serão apresentadas em Novembro).

 

Ligando as cidades de Lisboa e Paris através de parcerias entre a Fundação Calouste Gulbenkian, a Casa da América Latina (Lisboa) e o Théâtre de la Ville (Paris), estas iniciativas contam ainda com o apoio da ACEP, Câmara Municipal de Lisboa e Embaixada do Peru.

 

 

No dia 16 de Novembro, em Lisboa, precisamente na sequência das grandes Lições PRÓXIMO FUTURO (Aud. 2 da FCG), inaugura às 19h00, no Palácio Galveias, a exposição do fotógrafo peruano Roberto Huarcaya, intitulada "Subtil Violência".

 

Com a curadoria de António Pinto Ribeiro, a proposta de Huarcaya resulta de um projecto de investigação em torno das representações visuais alusivas à construção da comunidade histórica peruana, partindo de referências locais no sentido de expandir a sua leitura e as suas influências ao nível nacional, regional, continental e, finalmente, global. “Propostas que nos vão dando pistas, informação sobre diversas coordenadas temporais, espaciais e formais, sobre este lentíssimo processo de misturas, desenvolvimento e tensão, de mudanças constantes, que levam o país a transitar, de um modo disperso, para esse propósito de se constituir como nação” (Roberto Huarcaya).

 

 

No dia 18 de Novembro, em Paris, desta vez na sequência da apresentação das grandes Lições no Théâtre de la Ville, inaugura no mesmo espaço, às 19h00, a exposição do fotógrafo sul-africano Pieter Hugo, dedicada ao fenómeno "Nollywood".

 

Nollywood 

 

Na série de fotografias intitulada “Nollywood”, Pieter Hugo confronta o papel do fotógrafo no domínio onde interagem a ficção e a realidade. “Nollywood” é considerada a terceira maior indústria cinematográfica do mundo, lançando perto de 1000 filmes por ano para o mercado de home vídeo. Tal abundância é possível devido ao facto de os filmes serem realizados em condições que assustariam a maioria dos realizadores independentes ocidentais. Os filmes são produzidos e comercializados em apenas uma semana: equipamentos de baixo custo, guiões muito básicos, actores escolhidos no próprio dia da filmagem, locais de filmagem da ’vida real’.

Em África, os filmes de “Nollywood” são um raro exemplo de auto-representação nos meios de comunicação social. A rica tradição de narração de histórias do continente, comunicada de forma abundante através da ficção oral e escrita, é transmitida, pela primeira vez, através dos meios de comunicação social. As histórias na tela reflectem e apelam às vivências do público: os protagonistas são actores locais; os enredos confrontam o espectador com situações familiares de romance, comédia, bruxaria, corrupção, prostituição. A narrativa é exageradamente dramática, sem finais felizes, trágica. A estética é ruidosa, violenta, excessiva; nada se diz, tudo se grita.

Nas suas viagens pela África Ocidental, Hugo tem-se intrigado por este estilo distinto de construção de um mundo ficcional onde se entrelaçam elementos do quotidiano e do irreal. Ao pedir a uma equipa de actores e assistentes para recriar mitos e símbolos de “Nollywood” tal como se estivessem em sets de filmagem, Hugo iniciou a criação de uma realidade verosímil. A sua visão da interpretação do mundo pela indústria cinematográfica resulta numa galeria de imagens alucinatórias e inquietantes.

A série de fotografias retrata situações claramente surreais mas que podiam ser reais num set de filmagens; para além disso, estas estão enraizadas no imaginário simbólico local. Os limites entre documentário e ficção tornam-se bastante fluidos e somos deixados a pensar se as nossas percepções do mundo real são de facto verdadeiras.

 

Federica Angelucci

 

 

Mais informações no site do Próximo Futuro e/ou através do email proximofuturo@gulbenkian.pt

 

11
Mai11

O Estado das Artes em África e na América do Sul: SESSÃO PÚBLICA do workshop a 12 de Maio!

Próximo Futuro

(na foto: capa do jornal com download disponível aqui)

 

É já amanhã, dia 12 de Maio (das 9h30 às 17h30), que tem lugar no edifício-sede da Fundação Calouste Gulbenkian a sessão pública do 5º workshop de investigação e produção teórica do Programa Próximo Futuro, dedicado ao “Estado das Artes em África e na América do Sul”. Sendo este um programa centrado nestas regiões geográficas e nas diásporas dos países que delas fazem parte, pretende-se, assim, estudar e problematizar o estado das várias artes nestes países e nas suas diásporas, quer no que diz respeito às práticas artísticas, quer no que diz respeito às narrativas sobre as artes, em especial no período pós-independentista, muito diferente conforme os países e os continentes geográficos a que nos referimos.

 

O objectivo também passa por fazer um levantamento do sistema das artes no contexto dos mercados, das organizações de artistas, de formação e de distribuição. Durante o workshop serão referidos estudos de caso e haverá reflexões sobre a produção local e a sua internacionalização.

Para participar neste workshop, o Próximo Futuro tem como convidados:

 

  • Magdalena López (Centro de Estudos Comparatistas/UL, dedicada aos “Imaginarios post-utópicos en la actual narrativa cubana”;
  • Margarida Louro e Francisco Oliveira (Centro de Investigação de Arquitectura, Urbanismo e Design/FAUTL), com “Casas para um planeta pequeno. Arte, Arquitectura e Território: a condição urbana contemporânea dos Musseques em Luanda”;
  • Mirian Tavares (Centro de Investigação de Artes e Comunicação/ESTC-UA), em torno do “Cinema Africano: um possível, e necessário, olhar”;
  • Sara Martins (Dept.º de Sociologia/Goldsmiths College), sobre “A Arte da Fronteira: Notas sobre a problemática da circulação artística em território africano”;
  • Cergio Prudencio (Investigador boliviano, docente, compositor e director da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos; dedicado ao estudo das raízes andinas ancestrais, pré-hispânicas, no seu trabalho com instrumentos musicais tradicionais do Planalto dos Andes);
  • Kenneth Montague (Dentista, colecionador de arte e curador canadiano de ascendência jamaicana; fundador da Wedge Curatorial Projects: uma ONG promotora da arte contemporânea que investiga a “identidade negra”);
  • Bárbara Alves (Portuguesa, professora e designer de comunicação; focará as primeiras experiências em comunidades com forte presença africana na periferia de Lisboa, exemplificando com ações como as desenvolvidas com o Grupo de Teatro do Oprimido de Maputo em Hulene ou no âmbito do projecto ZONA, dando uma perspectiva sobre a cultura material moçambicana);
  • Federica Angelucci (Italiana a viver na Cidade do Cabo/África do Sul, onde dirige a galeria Michael Stevenson e é curadora de fotografia; procurará traçar um panorama global da fotografia contemporânea africana, a partir das principais mostras da última década).

 

E a entrada é livre!

05
Mai11

Figures & Fictions: CONTEMPORARY SOUTH AFRICAN PHOTOGRAPHY

Próximo Futuro

 

Uma grande e actual exposição de fotografia de autores da África do Sul no Victoria & Albert Museum pode ser vista até 17 de Julho. É a primeira exposição sobre fotografia contemporânea sul-africana apresentada no Reino Unido neste século. Reúne cerca de 150 obras de 17 fotógrafos e tem contributos textuais dos mais importantes teóricos e especialistas da fotografia sul-africana como Tamar Garb e Federica Angelucci (presente no Próximo Futuro dia 12 de Maio no contexto do Workshop de Investigação "O Estado das Artes em África e na América do Sul").

A exposição é apresentada como uma exposição de fotografia no contexto pós-apartheid, reunindo várias abordagens e estilos. Refere-se a presença de fotógrafos consagrados como David Goldblatt e Santu Mofokeng, bem como a nova geração representada por Zanele Muholi e a parceria Hasan & Husain Essop. Se há um traço comum a estes fotógrafos é o seu compromisso político assumido quer seja através da fotografia documental, quer da explícita fotografia de arte.

Para todos aqueles que têm acompanhado as actividades do Fórum Cultural "O Estado do Mundo" ou o Programa Próximo Futuro são muitos os fotógrafos aqui representados que já foram expostos nestes dois Programas Gulbenkian.

Mais informações aqui e entrevistas com os fotógrafos no V&A Channel.

 

APR

04
Abr11

SAVE THE DATE: 12 de Maio!

Próximo Futuro

 

[Lilla Benzid / Cortesia da artista]

 

 

É já no mês de Maio que arranca oficialmente a nova temporada de actividades teórico-práticas do Próximo Futuro, marcando assim a entrada no seu terceiro ano de existência.

Iniciado em Janeiro de 2009 como um exercício de investigação e criação sobre a realidade pós-colonial no triângulo Europa-África-América Latina e Caraíbas, este Programa tem proposto diversas abordagens culturais e artísticas através da realização de workshops de investigação e conferências, espectáculos de teatro e dança, concertos, ciclos de cinema e exposições, procurando reflectir sobre as novas “vizinhanças” no espaço e no tempo. E como elas fazem sentido num presente cheio de contestações sociais e mudanças políticas (ou a sua tentativa) nesta geografia triangular e nas suas ramificações!…

 

 

A 12 de Maio realiza-se precisamente o 5.º workshop de investigação, aberto ao público interessado e dedicado ao “ESTADO DAS ARTES EM ÁFRICA E NA AMÉRICA DO SUL”. 

 

 

À semelhança dos anteriores, é organizado em parceria com centros de estudos universitários e conta com as comunicações de:

 

o      Magdalena López (Centro de Estudos Comparatistas/UL, dedicada aos “Imaginarios post-utópicos en la actual narrativa cubana”;

o      Margarida Louro e Francisco Oliveira (Centro de Investigação de Arquitectura, Urbanismo e Design/FAUTL), com “Casas para um planeta pequeno. Arte, Arquitectura e Território: a condição urbana contemporânea dos Musseques em Luanda”;

o      Mirian Tavares (Centro de Investigação de Artes e Comunicação/ESTC-UA), em torno do “Cinema Africano: um possível, e necessário, olhar”;

o      Sara Martins (Dept.º de Sociologia/Goldsmiths College), sobre “A Arte da Fronteira: Notas sobre a problemática da circulação artística em território africano”.

 

 

O painel de convidados internacionais, que também contribuirá para esta percepção das possibilidades e limites da convivialidade entre estas “vizinhaças”, trará também ao Auditório 3 da Gulbenkian:

 

  • Cergio Prudencio (Investigador boliviano, docente, compositor e director da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos; dedicado ao estudo das raízes andinas ancestrais, pré-hispânicas, no seu trabalho com instrumentos musicais tradicionais do Planalto dos Andes);
  • Kenneth Montague (Dentista, colecionador de arte e curador canadiano de ascendência jamaicana; fundador da Wedge Curatorial Projects: uma ONG promotora da arte contemporânea que investiga a “identidade negra”); 
  • Bárbara Alves (Portuguesa, professora e designer de comunicação; focará as primeiras experiências em comunidades com forte presença africana na periferia de Lisboa, exemplificando com ações como as desenvolvidas com o Grupo de Teatro do Oprimido de Maputo em Hulene ou no âmbito do projecto ZONA, dando uma perspectiva sobre a cultura material moçambicana);
  • Federica Angelucci (Italiana a viver na Cidade do Cabo/África do Sul, onde dirige a galeria Michael Stevenson e é curadora de fotografia; procurará traçar um panorama global da fotografia contemporânea africana, a partir das principais mostras da última década).

 

Portanto: muito para ouvir, pensar, reequacionar, e a entrada é livre!


LM

 

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