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Próximo Futuro

Próximo Futuro

26
Set11

"cultura contemporânea africana" em debate: 29 de Setembro

Próximo Futuro

 

 

 

No próximo dia 29 de Setembro (5.ª f), às 18h30, haverá um "apontamento musical" com Celina Pereira, seguido de mesa-redonda sobre "Cultura Contemporânea Africana", contando com as seguintes participações: Celina Pereira (cantora caboverdiana); Filinto Elísio (escritor, poeta caboverdiano); Lúcia Marques (assistente do Programa Gulbenkian Próximo Futuro); Marta Lança (co-fundadora e editora do Buala); Joana Peres (directora artística e coreográfica da Allantantou Dance Company, Portugal); José António Fernandes Dias (responsável pelo AFRICA.CONT).

 

"Esta mesa redonda/tertúlia tem como objectivo promover a reflexão e o diálogo em torno da produção cultural africana na contemporaneidade, em particular nos países de língua oficial portuguesa, bem como debater as múltiplas formas de relacionamento entre cultura africana e cultura ocidental.

(...)

O Museu de São Roque da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa celebra a cultura africana, dedicando-lhe um evento de quatro dias ao longo dos quais a música, a dança, a poesia e o teatro animarão o claustro e as salas do museu. Este evento inclui, ainda, um ciclo de cinema documental, uma mesa redonda dedicada à temática da cultura contemporânea africana e degustação de comida africana. Os mais pequenos não foram esquecidos. Para eles, decorrerão oficinas de danças africanas e de construção de brinquedos com desperdícios. (...)"

 

Mais informações, no website do próprio Museu de São Roque.

 

 

10
Mai11

CHILE-EUA-CABO VERDE-PORTUGAL: na rota de Magaly Ponce

Próximo Futuro

 

 

Inaugura hoje às 18h, no Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, a exposição InSight-s: Uma Instalação Multimédia em três Continentes da artista chilena MAGALY PONCE, produzida por Natércia Caneira com o apoio da Embaixada do Chile em Portugal.

 

No seu texto sobre esta instalação de Ponce, a directora da Sheldon Art Galleries em Sant Luis (EUA), Olivia Lahs Gonzales, explica:

 

Magaly Ponce explora a interacção entre a sua vida interior e a sua história pessoal num diálogo com a história das paisagens com que escolhe trabalhar e com o movimento de pessoas nesses cenários. O seu trabalho consiste geralmente de vídeos e instalações multimédia, por sua vez apoiado e reforçado na sua mensagem por meio da utilização de diversas formas de expressão incluindo a projecção, som, escultura, impressão digital, fotografia ou desenho. Nascida em Maria Elena, no Chile, uma cidade mineira de nitratos, situada no deserto de Atacama e que já não existe, as primeiras obras de Ponce versam sobre a complexidade de sentimentos por que passou enquanto crescia sob a influência de uma agressiva ditadura militar e do catolicismo – duas instituições poderosas que contribuíam fortemente para a promoção do medo e da autocensura. Ponce estudou Design Gráfico na Universidade de Valparaíso no Chile, onde ganhou a Bolsa de Vídeo Criatividade da Fundação Rockefeller, MacArthur e Lampadia. Desde que deixou o Chile em 1996 para estudar na Universidade de Syracuse, como bolseira da Fulbright, tem regressado frequentemente a casa para visitar a sua família e reflectir sobre a história de seu país e do seu papel dentro dele.

 

Deslocação, movimento e as complexas relações que as pessoas estabelecem com as paisagens em que vivem têm sido temas fundamentais nas investigações de Ponce, assim como questões sobre identidade, migração e exploração de recursos, tanto humanos como terrestres. No seu projecto mais recente intitulado InSight-s: Uma Instalação multimédia em três continentes, inspirado no historial baleeiro das zonas costeiras, Ponce que reside há cinco anos em Providance, Rhode Island, USA, concebeu uma exposição multimédia cumulativa que investiga variadas facetas sobre as baleias e sobre a sua exploração por parte dos sistemas económicos. Recriando a teia de ligações entre os baleeiros, baleias e os países que as caçam, Ponce apresenta a sua última exposição em vários locais em que a caça à baleia teve um papel central, incluindo Providence em Rhode Island, Praia em Cabo Verde e finalmente em Lisboa e nos Açores - Portugal.

 

A exposição reúne o trabalho de dois anos que Ponce desenvolveu com baleias ao largo de Plymouth, Massachusetts, contribuindo para a New England Coastal Wildlife Alliance (NEWCA), uma organização sem fins lucrativos que se dedica a proteger e conservar a fauna marinha, através do estabelecimento de um etograma sobre baleias desenvolvido para facilitar o estudo do comportamento especificamente das baleias Jubarte, e assim contribuir para a sua preservação.

Durante estes anos, ela trabalhou no Humpback Whale Ethogram Project, dirigido pela bióloga marinha Carol Carson, presidente do NECWA e  na Faculdade de Biologia do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estatal de Bridgewater. A sua inspiração para realizar InSight-s  partiu do seu encontro com Carson na universidade, quando a bióloga lhe perguntou sobre a melhor forma de catalogar e digitalizar as 90 horas de vídeo captados sobre os hábitos desta espécie de baleia para um banco de dados pesquisáveis relativo ao comportamento das baleias. O etograma consistia em documentos fotográficos, mapas de localização geográfica, desenhos e vídeos do comportamento das baleias que então seriam organizadas num banco de dados de pesquisa. Ponce aceitou, juntamente com os seus alunos, participar no projecto e foi convidada a acompanhar a equipa numa missão de observação das baleias. Maravilhada com a sua dimensão e graciosidade, Ponce começou a investigar a história e diáspora da indústria baleeira e cedo se apercebeu que esta pesquisa se poderia tornar num projecto pessoal significativo.

De acordo com Ponce, a luz desempenha um papel importante na exposição, tanto metafórica como fisicamente. Esta serve não só para iluminar as peças da exposição, mas remete-nos também para os tempos em que as baleias eram importantes para a produção da iluminação antes da utilização do petróleo. Em meados do século XIX, o óleo da baleia e o seu impacto económico era provavelmente equivalente à importância que o petróleo assume na economia contemporânea. Em 1850, no auge da caça à baleia, o óleo atingiu o valor máximo de 2,50 dólares por galão. Outro tipo de luz– empregue nos vídeos de imagens em movimento – é igualmente utilizado na exposição, neste caso com o objectivo de chamar o espectador para um envolvimento mais imediato na temática, mas de uma forma mais directa. A filmagem presente na exposição deriva do trabalho acumulado durante o Verão e Outono de 2009 e da Primavera e Verão de 2010, quando Ponce colaborou nas pesquisas desenvolvidas pelo NEWCA. Ao reintegrar vídeos científicos numa abordagem artística, Ponce baseia a sua instalação na realidade vivida, criando assim uma forte declaração sobre o valor e fragilidade destes animais.

 

Tomadas como um todo, as partes individuais da exposição mergulham o espectador numa experiência poética relativa à interacção entre seres humanos e baleias. Ao envolver o seu público com uma variedade de materiais e técnicas, algumas fundamentadas no presente, outras no passado, algumas na ciência, e outras ligadas ao uso da metáfora artística, Ponce estimula-nos ajudando-nos a entender a sua matéria de investigação sem o fazer de forma dogmática ou com didactismo. O trabalho é eficaz em demonstrar a complexidade destes mamíferos marinhos e do seu historial com os humanos, reforçando o seu poder e mistério oferecendo simultaneamente uma variedade de imagens enriquecidas de poética e conteúdos.

 

 

Haverá uma mesa-redonda a 26 de Maio (às 19h, no Museu) e a exposição estará aberta ao público até 31 Julho de 2011.

Outros links úteis aquiaqui e também aqui.

 

 

Lúcia Marques

25
Fev11

INFLUX: Tchalé Figueira na rota Mindelo-Lisboa

Próximo Futuro

 

Prosseguindo um trabalho pertinente de divulgação em Portugal de artistas contemporâneos de África, a galeria INFLUX acolhe a partir de amanhã, sábado, a mais recente exposição individual do artista Tchalé Figueira (n. 1953, Ilha de S. Vicente, Cabo Verde).

A exposição intitula-se “Do Arco da Velha” e será visitável em Lisboa até 9 de Abril de 2011.

Há um texto iniciático de Irineu Rocha (director da M_EIA, Mindelo Escola Internacional de Arte) sobre a obra de Tchalé aqui e no blog do próprio artista também é possível ler alguns dos seus poemas e partes de livros já publicados, bem como posts activistas, de natureza cívica, que também contextualizam a sua multifacetada obra.

 

LM

10
Fev11

Eleições em Cabo Verde

Próximo Futuro

 

 

Não é facto extraordinário a existência de eleições em África (mais de uma dezena em 2010), nem tão pouco a reeleição do partido no poder. Contudo, que num país africano se efectuem eleições após campanhas renhidas, que o partido no poder renove a maioria absoluta e que o partido da oposição assuma a derrota e entenda assumir o lugar que o povo lhe entregou, isso é um facto “extraordinário”, notado e comentado dentro e fora do continente. (Como aqui).

 

Em Cabo Verde acontecem coisas extraordinárias, como as chuvas mansas que têm abençoado as ilhas este mês de Fevereiro.

 

Elisa Santos

30
Jun10

Lição de Victor Borges

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30 de Junho. 18:30

Auditório 2. Entrada livre

 

DESAFIOS DE DESENVOLVIMENTO: TRANSFORMAÇÕES SOCIETAIS E PRÓXIMO FUTURO.

Victor Borges

 

«Será que as forças exógenas e globais de transformação do mundo, as agendas de desenvolvimento dos Governos e as tendências internas e profundas das sociedades são espontaneamente compatíveis e/ou harmonizáveis? Será que a globalização e, particularmente, a revolução das TIC’s deixam espaços e credibilidade para ’projectos de sociedade‘? Deixar acontecer ou fazer acontecer o ’próximo futuro‘? Eis a questão!

Como antecipar ou criar o ’próximo futuro‘ sem cair no messianismo ou na resistência vã ao poder crescente - político, económico, social e mágico-sedutor - da ciência e da tecnologia sobre indivíduos e sociedades? Que implicações para a governação dos países (desenvolvidos e em desenvolvimento) e para as relações de cooperação internacional? A Lição pretende debater a (in)aceitabilidade da ideia (ou ilusão) de gestão das transformações societais, os desafios, dilemas e limites para a acção dos agentes de mudanças (teleológicas) - os ’desenvolvedores’.»

 

VICTOR BORGES nasceu em Assomada, Cabo Verde, em 1965. É Membro do Conselho de Administração do Instituto da UNESCO para a Aprendizagem ao Longo da Vida, em Hamburgo. Mestre em Psicologia pela Universidade de Paris, frequentou o doutoramento em Educação e Desenvolvimento na mesma Universidade. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Ministro da Educação e da Valorização dos Recursos Humanos e Ministro da Educação, Cultura e Desporto. De entre os seus domínios de interesse e intervenção, destacam-se as áreas de planeamento e reforma educativa, a cultura e as mudanças sociais e o desenvolvimento, social, local e urbano.

22
Jan10

Mindelo

Próximo Futuro
Situada na ilha de S. Vicente de Cabo Verde, a cidade tem cerca de 63.000 habitantes, dos quais 65,7% com menos de 30 anos e uma taxa de desemprego que ronda os 23.3% (dados do censo de 2000)


Mindelo tem um Clube de Golfe, que se situa às portas da cidade num vasto terreno de terra batida, pontuado pelo verde poeirento das acácias. Em 1920 chamava-se St. Vincent Golf Club, em 1969 passou a Club Anglo-Português e em 1975 Clube de Golfe de S. Vicente. Improvável alegoria de Mindelo, este clube sintetiza a história e o carácter da cidade e da ilha.

Apesar de S. Vicente ter um porto natural e uma posição estratégica excepcionais, praticamente não tem água, pelo que as várias tentativas de povoamento feitas a partir de finais de setecentos, bem como a decisão régia de mudar a capital para esta ilha em 1838, falharam. Foi a instalação das primeiras companhias inglesas de carvão a partir de 1850, que abriu a ilha à navegação internacional e viabilizou a então pequena aldeia de pescadores. Nesse tempo do carvão, os ingleses imprimiram à cidade uma forma de viver mais moderna, com casas mais confortáveis e higiénicas, novos hábitos alimentares e de trabalho e novas práticas desportivas como o golfe, o críquete, o ténis e o futebol. Uma influência que não se explica pelo número de residentes, que nunca foi muito elevado, nem pelo facto de por duas vezes no século XIX, aqui ter havido concentração de tropas inglesas, primeiro devido ao conflito com os Ashanti na zona do Gana e mais tarde, por causa da guerra anglo-boer na África do Sul. Na verdade os mindelenses nunca foram admitidos nos clubes ou actividades inglesas, mas observavam com curiosidade as excentricidades e novidades que chegavam, assimilando o que lhes agradava e deixando de lado o que não se coadunava com os seus gostos e maneira de ser.

Entretanto a cidade continuava a debater-se com o problema da falta de água, que nem o recurso aos poços, à canalização de nascentes do interior da ilha, ou à água que um pequeno vapor transportava diariamente da ilha vizinha de S.to Antão conseguiam resolver, até que em 1966 se dá finalmente início à dessalinização da água do mar. Pior que sobreviver à falta de água foi, contudo, sobreviver às crises provocadas pela falta de navios que erros da administração portuguesa e novas técnicas e rotas da navegação, ajudaram a afugentar.

Apesar da história de Mindelo ser uma impressionante sucessão de crises, a cidade sobreviveu e cresceu e foi até, durante alguns anos, a principal fonte de receitas e sustento do arquipélago. É verdade que os grandes navios ainda não voltaram, as crises e o desemprego continuam a maltratar a cidade e uma ou outra avaria no dessalinizador relembram-nos que a ilha não tem água, mas este povo tem alma de cigarra e sobrevive tenazmente aos dias difíceis e às lições de moral das formigas. Mindelo é uma cidade colorida, musical e alegre, virada para as tranquilas águas azuis da Baía do Porto Grande e às portas da cidade, lá onde começa o deserto, todos os fins de semana, mesmo quando o vento levanta nuvens de pó, dezenas de desportistas jogam no chão castanho avermelhado do seu campo de golfe, antes de um gin-tonic na velha sede do clube.

Ana Cordeiro

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