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Próximo Futuro

Próximo Futuro

05
Mai11

Figures & Fictions: CONTEMPORARY SOUTH AFRICAN PHOTOGRAPHY

Próximo Futuro

 

Uma grande e actual exposição de fotografia de autores da África do Sul no Victoria & Albert Museum pode ser vista até 17 de Julho. É a primeira exposição sobre fotografia contemporânea sul-africana apresentada no Reino Unido neste século. Reúne cerca de 150 obras de 17 fotógrafos e tem contributos textuais dos mais importantes teóricos e especialistas da fotografia sul-africana como Tamar Garb e Federica Angelucci (presente no Próximo Futuro dia 12 de Maio no contexto do Workshop de Investigação "O Estado das Artes em África e na América do Sul").

A exposição é apresentada como uma exposição de fotografia no contexto pós-apartheid, reunindo várias abordagens e estilos. Refere-se a presença de fotógrafos consagrados como David Goldblatt e Santu Mofokeng, bem como a nova geração representada por Zanele Muholi e a parceria Hasan & Husain Essop. Se há um traço comum a estes fotógrafos é o seu compromisso político assumido quer seja através da fotografia documental, quer da explícita fotografia de arte.

Para todos aqueles que têm acompanhado as actividades do Fórum Cultural "O Estado do Mundo" ou o Programa Próximo Futuro são muitos os fotógrafos aqui representados que já foram expostos nestes dois Programas Gulbenkian.

Mais informações aqui e entrevistas com os fotógrafos no V&A Channel.

 

APR

03
Mai11

"Arriscar aquilo que abre caminhos": conversa com o programador-geral do PRÓXIMO FUTURO

Próximo Futuro

 

 

Breve vislumbre do artigo "Arriscar aquilo que abre caminhos, conversa com António Pinto Ribeiro", por Marta Lança no BUALA.

 

ML: Como passa da dança para as questões interculturais e pós-coloniais?

APR: A relação não é directa nem casual. Acontece que, depois da minha formação em Filosofia e em especial Estética, fui convidado para criar um campo de estudos teóricos na recentíssima Escola Superior de Dança. Aceitei e pensei “vamos lá estudar”. E foram anos de leituras compulsivas sobre tudo o que havia sobre dança, corpo, coreografia. Poderia ter sido cinema, literatura, artes visuais, teatro que foram sempre áreas do meu interesse. A dança funcionou durante anos como a ponta de um iceberg. Depois, uma enorme curiosidade que me é própria, levou-me a ver espectáculos, filmes, concertos que não eram necessariamente da tradição ocidental e branca, o fascínio pelo continente africano e pelas questões de cultura e de ideologia a elas associadas conduziram-me ao multiculturalismo; inicialmente, diga-se, de uma forma muito inocente.

 

ML: É o seu método de trabalho, uma curiosidade de abertura ao mundo?

APR: Mais do que método, é uma forma de estar que tem consequências muito produtivas. Mas também estou em crer que, a determinada altura, uma certa fisicalidade e corporalidade presentes nestas experiências evocaram a minha infância e adolescência em África, o que me motivaria a revisitar alguns países africanos.

 

(...)

 

ML: E parece-me que incluir reflexão e não apenas divulgação é uma linha muito sua… Sempre se interessou por cruzar o mundo teórico com propostas artísticas?

APR: Acho essencial, em todas as instituições, que a linha de programação seja comunicada. No meu entender a programação cultural decorre de um contrato entre os públicos e os artistas ou os autores. O programador é um mediador mas, nesse contrato que faz, deve anunciar aos parceiros a sua missão, as suas opções e a razão das mesmas. A programação cultural baseia-se numa linha de argumentação cujo destinatário é um auditório tendencialmente universal. Por outro lado, os públicos devem ter acesso a chaves de aproximação ao que lhes é apresentado, o seu modo original de produção, se já foi apresentado noutro contexto, etc. Torna tudo muito mais claro e resgata a legitimidade que não se tem se não for devidamente informado. Isso pode ser feito de forma interessante e criativa. A programação cultural é uma actividade fascinante que tem tanto de risco como de fruição e de partilha raras. Mas exige uma atenção permanente e um cuidado com os públicos, artistas, formadores de massa crítica e uma vigilância permanente sobre o poder que se adquire nesta actividade. É fulcral uma auto-crítica permanente que não permita que se substitua ao artista nem ao público, sem contudo ceder a gostos massificadores ou à pressão daqueles que acham que representam os artistas.

 

(...)

 

ML: O que é para si a verdadeira interculturalidade? 

APR: No mais vasto conceito, a interculturalidade pode constituir uma estratégia de negociação cultural que conduz à construção de um projecto político de transformação das sociedades multiculturais. E alguns equívocos ou afirmações demagógicas são desde já de evitar. O primeiro de todos é o de que a cultura e pela cultura se resolvem os conflitos e os antagonismos. Nada de mais errado. A cultura pode constituir uma plataforma de aproximação, um modo negocial, mas nunca resolverá os grandes antagonismos, as grandes diferenças de interesses. Em caso algum, devemos pois deslocar para a cultura os problemas específicos das esferas da política, da economia e da religião. O segundo equívoco é pensar que a cultura é um bem e que, per si, contagia de bondade toda a acção humana. No que uma estratégia intercultural pode ser útil é no esclarecimento, tornando claros os conflitos e as suas razões, mas nem sempre eliminando-os. Aliás, a interculturalidade não pressupõe um reino definitivo da paz, inclui sim a possibilidade de tensão desejavelmente produtiva. Um último equívoco que se coloca é o que tende a divorciar os fundamentos culturais dos religiosos ou, pelo contrário, reduzir ao religioso. Desde T.S. Elliot pelo menos, que devemos saber que as culturas estão impregnadas de religião, o que se reflecte na produção cultural. E é assim que podemos falar de uma cultura cristã, presente mesmo em autores laicos, ou de artistas hindus e que, portanto, a interculturalidade transporta sempre traços de interreligiosidade.

Um quarto é aquele que concebe o interculturalismo como um diálogo entre blocos culturais homogéneos, em que todos os membros de uma cultura se identificam de uma forma absoluta. Na verdade, não existem blocos culturais homogéneos, e na mesma região cultural há ricos e pobres, mulheres e homens. E as pessoas identificam-se e agrupam-se também por clubes, orientações sexuais, associações profissionais, o que permite, por um lado, estabelecer pontes de comunicação entre regiões culturais diferentes e, por outro, encontrar fissuras entre membros das mesmas regiões.

A interculturalidade não é, pois, uma ideologia. Como estratégia, é uma forma inovadora de conviver e co-habitar nas sociedades contemporâneas, com a diversidade de grupos culturais e étnicos. De algum modo, é o estado mais evoluído da democracia mas, tal como esta, exige uma construção permanente e diária. É importante reconhecer igualmente que a interculturalidade faz-se a partir de vários pontos de partida, e não pode resultar de uma legislação ou normatização regrada apenas pela comunidade que acolhe. Supõe, por isso, uma negociação cultural cujo limite é a rejeição de todo e qualquer sofrimento infringido a alguém, a exclusão social, religiosa ou sexual.

Finalmente, tanto ou mais importante do que o já existente património cultural das diásporas, é admitir e até estimular a combinação cultural e o sincretismo que constituem o melhor índice de interculturalidade contemporânea. Só uma prática cultural e um programa político que combata o ressentimento face ao passado e privilegie o futuro tem a ver com a interculturalidade e a sua prática.

 

(...)

 

ML: Os Centros Culturais, provenientes do período cultural, enquanto mecanismos de controlo, de representações nacionalistas e promoção da língua, em alguns casos conseguiram transformar-se em plataformas interessantes de produção articuladas com artistas locais, mas é muito raro, porquê?

APR: O que acontece na maior parte das situações em África é que os grandes centros culturais das cidades são a única coisa que existe, então a responsabilidade é grande. Depende muito do director do centro: quando as pessoas são activas, interessadas, inteligentes, cultas as coisas correm bem. São as únicas plataformas possíveis de entendimento entre os artistas e intelectuais que lá se encontram e o lugar para apresentar produção local. Acho fulcral que os Centros Culturais Portugueses, por exemplo, possam apresentar programações de França ou Itália como o reverso também deve ser válido pois, afinal, são o lugar de apresentação das produções africanas. Não é o que acontece, normalmente são coisas bacocas, nacionalistas e anacrónicas. Nos casos dos Centros Portugueses as pessoas estão lá há 15 anos sem relação com a cultura contemporânea portuguesa a representar uma portugalidade que só existe na cabeça deles, e sempre se sentiram estranhos no país onde estão. Com excepções, é certo.

 

ML: Isto parte de um problema maior de não haver articulação, nem estratégia, nem investimento. Como experiências interessantes, refere o caso da política cultural brasileira. O que temos a aprender com o Brasil nesse capítulo?

APR: Imenso, a capacidade que eles tiveram de criar organizações intermédias entre as grandes instituições e o nada. Os Pontos de Cultura foram das coisas mais interessantes pois correspondem à escala do lugar onde foram instalados, às necessidades com um elevado grau de exigência.

 

(...)

 

ML: Voltando à sua programação, continua a equilibrar a produção europeia com estes estímulos de fora, que nos fazem repensar o nosso próprio esgotamento criativo.

APR: Acho que é muito estimulante. Houve uma fase em que a programação era para dar visibilidade a produções não europeias que mereciam ser vistas. Essa fase foi bem cumprida. Mas queria que concebêssemos como um lugar em que se criasse coisas novas a partir do que já foi a sua História, já não se trata de montra e mostra, implica ter um público e comunidade de artistas que olhe para isto de uma maneira diferente. Estou muito grato com o facto de o jardim Gulbenkian se ter tornado lugar de deleite de chineses, ucranianos, e que pessoas muito jovens tenham perdido o medo de frequentar lugares de cultura. 

 

(...)


 

[ver artigo completo aqui]

01
Mai11

O Estado das Artes em África e na América do Sul

Próximo Futuro

Lilia Benzid, Zaafrane Cemetery (Tunísia), 2008

 

 

Programa Gulbenkian Próximo Futuro regressa em Maio com um workshop, conferências e a inauguração de uma exposição de fotografia e vídeo.

O 5º workshop de investigação e produção teórica deste Programa realiza-se nos dias 11 e 12 de Maio e é dedicado ao Estado das Artes em África e na América do Sul. Sendo o Próximo Futuro um programa centrado nestas regiões geográficas e nas diásporas dos países que delas fazem parte, pretende-se, assim, estudar e problematizar o estado das várias artes nestes países e nas suas diásporas, quer no que diz respeito às práticas artísticas, quer no que diz respeito às narrativas sobre as artes, em especial no período pós-independentista, muito diferente conforme os países e os continentes geográficos a que nos referimos.

O objectivo também passa por fazer um levantamento do sistema das artes no contexto dos mercados, das organizações de artistas, de formação e de distribuição. Durante o workshop, cujas sessões serão abertas ao público apenas no dia 12 de Maio, serão referidos estudos de caso e haverá reflexões sobre a produção local e a sua internacionalização. Para participar neste workshop, para além dos Centros de Investigação parceiros habituais deste Programa, o Próximo Futuro tem como convidados Bárbara Alves, portuguesa, que desenvolve actividades na área do design como ferramenta participativa e de desenvolvimento social; Cergio Prudencio, da Bolívia, compositor e director titular da Orquestra Experimental de Instrumentos Nativos; Federica Angelucci, nascida em Itália, directora e curadora de fotografia da Galeria Michael Stevenson, na Cidade do Cabo; e ainda Kenneth Montague, canadiano de ascendência jamaicana, fundador da Wedge Curatorial Projects, organização dedicada à promoção da arte contemporânea que investiga a identidade negra. 

Já o dia 13 de Maio será preenchido com quatro conferências de entrada livre, chamadas Grandes Lições, que ocuparão o Auditório 2 da Fundação durante a manhã e a tarde. Nesse dia poderemos assistir às intervenções de Patrick Chabal, professor de História e Política Africana do King’s College (Londres), de Breyten Breytenbach, escritor e pintor sul-africano, de Yudhishthir Raj Isar, professor de Estudos de Política Cultural na American University of Paris, e do nigeriano Kole Omotoso, romancista, dramaturgo e crítico.

Na mesma data, pelas 22h00, será inaugurada a exposição Fronteiras, produzida no âmbito da última edição dos Encontros de Bamako – Bienal Africana de Fotografia, em 2009. Esta mostra colectiva reúne cerca de 180 fotografias e vídeos que reflectem a criação contemporânea na área da fotografia em África e dos artistas afro-americanos, oferecendo diversas interpretações e representações das questões socio-políticas, culturais e identitárias tratadas por estes artistas. A exposição Fronteiras estará patente na Galeria de Exposições Temporárias da Sede até 28 de Agosto. A seguir à inauguração haverá um Baile na Garagem, com DJs convidados.

Em Junho e Julho, o Próximo Futuro prossegue com a sua programação de Verão, que inclui conferências, projecção de cinema, apresentação de espectáculos de teatro, dança e música e instalações artísticas no Jardim Gulbenkian.

 

 

A partir de 1 de Maio de 2011 também pode seguir o Próximo Futuro no Facebook e no Twitter!

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