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Próximo Futuro

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29
Abr11

Os Encontros de Fotografia Bamako vêm aí!

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Zak Ové, “The Devil is White”, da série «Transfigura» (2004)

 

 

Já a partir do próximo dia 13 de Maio, vai ser possível ver nas galerias de exposições temporárias do edifício-sede da Fundação Calouste Gulbenkian a mostra de fotografias de artistas africanos e afro-americanos que resulta dos 8.ºs Encontros de Bamako: a mais importante bienal de fotografia africana.

 

"São várias dezenas de fotografias e vídeos de 53 fotógrafos, todos eles glosando o tema «Fronteiras». A questão, abordada sob múltiplos ângulos e com o recurso a várias técnicas, não deixa de ser pertinente no mundo globalizado actual, mas surge associada  de forma particular ao sofrimento e à exclusão, à esperança e às utopias de quem vive em África ou faz parte da diáspora africana. Ao contrário do que foi hábito durante muitos anos, com as imagens de africanos e da sua realidade a serem apresentadas por fotógrafos e realizadores não africanos, desta vez há um discurso fotográfico e imagens cuja autoria é daqueles que habitam neste continente ou que a ele regressam por pertença e dessa realidade fazem a sua representação".

 

Os Encontros de Bamako (Rencontres de Bamako) foram criados em 1994, na capital do Mali, por iniciativa da associação “Afrique en Créations" e com o apoio do Governo maliano, sendo dirigidos nessa primeira edição pelos dois fotógrafos franceses Françoise Huguier e Bernard Descamps. Há mais história dos Encontros aqui, onde também se pode ter uma visão antecipada da exposição que foi central nos últimos Encontros e que inaugurará em Lisboa no próximo dia 13 de Maio.

 

Comecem por espreitar os trabalhos de Kader ATTIA (França-Argélia), Lilia BENZID (Tunísia-França), Ali Mohamed OSMAN (Sudão), Zak OVÉ (Trindade e Tobago-Grã-Bretanha), Zineb SEDIRA (Argélia-França), Barthélémy TOGUO (Camarões) e Berry BICKLE (Moçambique-Zimbabwe).

 

As curadoras destes últimos Encontros realizados em 2009 (está neste momento em início de preparação a edição prevista para finais 2011) foram Michket Krifa e Laura Serani e o seu texto de apresentação também já está disponível no Jornal do Próximo Futuro. Estarão presentes na inauguração de dia 13 de Maio (às 22h) e haverá visitas guiadas em datas e horários a divulgar muito em breve.

 

Aqui encontram ainda uma interessante reflexão sobre a edição que aí vem.

 

 

Lúcia Marques

28
Abr11

Até 1 de Maio em HARARE (Zimbabwe)

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Na foto: "Décompte (Countdown)", de Zab Maboungou, com Compagnie Danse Nyata Nyata

 

 

Está a decorrer até ao 1º de Maio o Harare International Festival of the Arts (HIFA), evento programático de 6 dias que todos os anos procura reunir na antiga Salisbúria, capital do Zimbabwe, uma amostragem significativa da produção artística e cultural local, regional e internacional.

Aqui, toda a programação de Música, Teatro, Dança, Spoken Word, Artes Visuais e Workshops do HIFA 2011.

27
Abr11

pelo grande poeta GONZALO ROJAS (1917-2011)

Próximo Futuro

 

 

 

 

O grande poeta Gonzalo Rojas, falecido esta segunda-feira dia 25 de Abril, em Santiago do Chile, vítima de um AVC aos 93 anos de idade, lê o seu poema 80 Veces Nadie perante a multidão na Plaza de los Pies Descalzos de Medellín, por altura do Festival Internacional de Poesía de Medellín, em 2003.

 

Mais sobre Gonzalo Rojas aqui e aqui. A voz do poeta em Qué se ama cuando se ama por aqui.

26
Abr11

PAULO REIS (1960-2011): curador, crítico de arte, jornalista, professor, cozinheiro, amigo para sempre

Próximo Futuro

 

 

 

Quem viu não esqueceu: Um Oceano Inteiro para Nadar, título significativo de uma exposição que em Maio de 2000 inaugurou na Culturgest de Lisboa, reunindo trabalhos de artistas brasileiros e portugueses contemporâneos, sob a curadoria de Paulo Reis e Ruth Rosengarten. 

Havia de facto todo um enorme "Oceano" a separar Portugal e o Brasil, como ainda hoje há, apesar de tudo. Mas nesse ano de viragem de século e (também por isso) de importantes revisões históricas, foi possível conhecer por cá, pela primeira vez com uma amplitude cronológica expressiva e sistematizada, uma selecção de nomes fundamentais da produção artística brasileira contemporânea. Paulo Reis, que ao longo da década de 90 se destacou como jornalista cultural no Jornal do Brasil e assessor cultural do Museu da República do Rio de Janeiro, tinha vindo a Portugal pela primeira vez em 1998, a convite de António Pinto Ribeiro (nessa altura, director artístico da Culturgest), dar uma conferência sobre as artes na América Latina. E foi o início de Um Oceano Inteiro para Nadar...

Vi e escrevi sobre a exposição no jornal Expresso, onde era colaboradora, marcada pelo cruzamento inédito dessas autorias, num espaço tornado de encontro e de reconhecimento também entre os dois curadores dessa mostra (que até então não se conheciam e, ainda assim, aceitaram trabalhar em equipa para nos dar uma visão desses dois lados do Atlântico). Mas só tive o privilégio de conhecer pessoalmente o Paulo quando me acolheu numa primeira visita ao Brasil, em Abril de 2003. A sua disponibilidade para me mostrar o Rio de Janeiro foi total, levando-me pelos espaços e principais instituições, apresentando-me aos artistas, aos seus amigos de todo o lado, deixando-me entrar assim, no seu mundo pessoal e profissional, onde aprender, conhecer, partilhar eram uma mesma atitude de vida, uma celebração do humanismo que não devemos abandonar. Numa entrevista dessa altura, realizada a propósito da primeira individual do histórico artista brasileiro Nelson Leirner em Portugal (Culturgest do Porto, 2003), disse-nos: "meu ideal de conhecimento é o homem da Renascença, que conjugava todos os conhecimentos existentes em uma mesma pessoa. (...) Não entendo uma pessoa que não tenha interesse em filosofia, religião, cultura, não percebo qual é o papel desta pessoa diante da humanidade. Lembro-me das palavras de Leonardo Da Vinci, que homem não é uma construção física apenas, que veio ao mundo para encher sanitas, mas deixar um legado à humanidade. É o mesmo princípio que Beuys falava que todo o homem é um artista." E deu-nos o seu próprio "retrato falado": "Minha formação foi muito especial, estudei em colégio religioso, onde tive acesso à filosofia, à teologia, ao conhecimento aprofundado das ciências humanas. Estudei Comunicação Social e Filosofia, fiz dois mestrados em História da Arte, estou sempre complementando meus conhecimentos em Estética, História, Sociologia, Antropologia. Essas cadeiras estão inseridas em meu quotidiano, uso-as de forma orgânica. Esse real interesse por outras áreas, que me possibilitou que abrissem meus horizontes, é meu mecanismo de percepção do mundo. Então respondo sua pergunta dizendo que não há possibilidade do homem contemporâneo longe de uma múltipla faceta." 

Paulo Reis preparava então um seminário de História e Crítica de Arte com a intenção de "aproximar Brasil de Portugal e da Espanha e apoiar a divulgação e circulação de ideias sobre a arte contemporânea internacional", seminário esse que, com muito esforço e sacrifício pessoal devido à dificuldade de apoios, conseguiu realizar no Rio de Janeiro em Setembro de 2004. Chamou-lhe sintomaticamente Brasil-Portugal: uma ponte para o futuro e reuniu os principais curadores e críticos de arte, directores de instituições culturais e artísticas de Portugal, artistas e demais agentes culturais portugueses, de tal modo que, meio a brincar, meio a sério, se distribuíram os convidados em diferentes aviões, para que "se algo desse errado" Portugal não ficasse "desfalcado de cabeças pensantes". Foi nesse fórum que Paulo conheceu o crítico de arte espanhol David Barro, cuja tese publicada lera antes, e com quem viria a aprofundar a triangulação Brasil-Portugal-Espanha através de várias iniciativas. Desde a curadoria da Chocolatería - Espaço de Experimentação (em Santiago de Compostela, Espanha) até à co-criação e co-direcção da revista de arte contemporânea Dardo(publicada em português, espanhol e inglês), passando pela exposição-livro Parangolé: Brasil/Portugal/Espanha, entre muitas outras mostras e textos produzidos e difundidos em estreita cumplicidade profissional e generosa amizade. Já em 2009, viria a montar em Lisboa, cidade que adoptou como sua (depois do Rio de Janeiro), juntamente com outros dois amigos - o curador lusoinglês Lourenço Egreja e a artista e produtora brasileira Rachel Korman -, o seu projecto de sonho, concretizando o seu lema de vida: Carpe Diem-Arte e Pesquisa.

Paulo era assim, trabalhava com a seriedade de um profissional "até ao tutano", demonstrando sem complexos o carinho que tinha pelas mais diversas pessoas que o rodeavam e assumindo orgulhosamente as suas amizades incondicionais. Jornalista e filósofo de formação, curador em todos os momentos (no sentido "daquele que cuida" dos outros), crítico de arte por inquietação criativa genuína, professor com profunda "missão" laica (muito para além das aulas dadas em universidades e museus), cozinheiro pela alegria do convívio com os amigos e família, a quem dava tudo o que podia. Hoje lembro o Paulo, não esquecendo como ele gostava de celebrar a alegria da vida, que para ele se confundia necessariamente com a partilha do conhecimento. Eis palavras suas nessa entrevista de 2003, que lamentavelmente continuam tão actuais: "Sinto falta de um diálogo maior entre as instituições culturais portuguesas e brasileiras. E não adianta esperar a nível de ministérios, eles estão muito ocupados em fazer burocracia. Tem que haver um interesse entre as grandes instituições do Porto e Lisboa com o Rio e São Paulo. Falo em cooperação, em fechar uma grelha de exposições conjuntamente, por exemplo: uma boa exposição de um artista português deve ser feita em parceria com uma instituição brasileira e vice-versa, garantindo a circulação de ideias. Ao ministérios da cultura, de ambos países, caberia apoiar financeiramente e aliviar os entraves burocráticos, mas nunca eles serem agentes de divulgação, não dá certo. Cabe às instituições. Assim que penso. Sinto falta do Brasil olhar mais para Portugal e não ficar preso à cafonice do mercado francês, com exposições de surrealismo, Rodin, essas coisas que ninguém tem mais pachorra; ou ao mercado lógico norte-americano, com instituições picaretas, mandando umas porcarias de exposições tipo Andy Warhol e Keith Haring, cobrando uma "pipa de massa", como vocês dizem aqui. Não que estes artistas não sejam importantes, mas as mostras que chegam ao Brasil, francamente, são uns fracassos! Mas é o pensamento, tipo, "lá só tem macacos, qualquer coisa serve!" Chega disso. Espero que esta entrevista, que sei que não agradará a todos, ajude a compreender melhor o que estamos tentando fazer, que é quebrar o ranço modernista e re-aproximar duas culturas que podem crescer mutuamente, e que por laços históricos e linguísticos serão sempre inseparáveis, quer queiramos quer não." Paulo Reis, querido amigo, um profundo agradecimento pela tua existência.

 

Lisboa, 25 de Abril 2011

Lúcia Marques, com os contributos de António Pinto Ribeiro

 

(Texto publicado hoje no Público)

 

 

 

25
Abr11

25/04

Próximo Futuro

 

 

 

 

25/04

 

Telefonei-lhes e perguntei:

- Pai, o que estavas a fazer no 25 de Abril?

- Estava na Faculdade, no Porto, numa aula de hidráulica.

- E a mãe? – ela veio ao telefone e respondeu:

- Apanhei o 27 em Belém, quando chegamos ao cais do Sodré já não se podia passar, eu que não queria chegar atrasada ao Banco, mas estava tudo cheio de gente… Bom aí começou o caos. Mas olha, agora estamos melhor! – fez-se um silêncio e ela perguntou:

- Filha, o que vais fazer no 25 de Abril?

 

 

Elisa Santos

23
Abr11

PAULO REIS, "carpe diem"

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PAULO REIS (Maragogipe/Bahia, 09.11.1960 - Lisboa, 23.04.2011) [foto: Ding Musa]

 

O Curador e Crítico de Artes Visuais Paulo Reis residente em Portugal faleceu hoje às 18:30h no Hospital Egas Moniz. Com uma formação em Comunicação Social e História de Arte era professor de teorias de arte e de estética em várias universidades. Nos últimos anos tinha uma actividade intensa de curadoria internacional tendo sido responsável por muitas exposições em diversos países da Europa e América Latina.

Paulo Reis veio a Portugal pela primeira vez em 1998 para participar num Colóquio sobre as Artes na América do Sul. Em 2000 foi curador com Ruth Rosengarten da Exposição “UM OCEANO INTEIRO PARA NADAR” de artistas portugueses e brasileiros realizada na Culturgest. Foi uma exposição histórica pelo ineditismo e pelo impacto que teve a partir de então nas relações culturais e artísticas entre o Brasil e Portugal.

Paulo Reis tornou-se a partir de então um verdadeiro “embaixador cultural” entre os artistas e os curadores destes dois países e a sua afeição por Portugal levou-o a passar longas temporadas neste país, a que se seguiu, a partir de 2005, passar a residir em Lisboa.

Foi o criador do CARPE DIEM - Arte e Pesquisa, instituição vocacionada para a produção e realização de exposições e fórum artístico internacional, instalado no Palácio do Marquês de Pombal na Rua do Século, na capital lisboeta. Foi co-fundador e co-director da revista Dardo, juntamente com David Barro, promovendo uma série de iniciativas relacionadas com a triangulação Brasil-Portugal-Espanha.

Era uma pessoa de uma invulgar generosidade e de uma atenção e cuidado particular para com artistas de cujas causas era um militante inconformado.

 

ANTÓNIO PINTO RIBEIRO

21
Abr11

Breyten Breytenbach II

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Mais um poema de Breyten Breytenbach

 

AMEAÇA DOS DOENTES

(para B. Breytenbach)

 

 

 

Senhoras e Senhores, permitam-me que vos apresente Breyten

Breytenbach

este homem magro de camisola verde; é devoto

e comprime e martela a cabeça oblonga

no intuito de vos fazer um poema    exemplo:

tenho medo de fechar os olhos

não quero viver no escuro a ver o que se passa

os hospitais de Paris estão cheios de homens lívidos

especados à janela fazem gestos ameaçadores

como anjos no forno

e a chuva escorcha e engordura as ruas

 

tenho os olhos pegados

eles/vós me enterrareis em dia húmido

quando a terra se torna em negra carne crua

e as folhas e as flores maceradas coloram de rugas de água o

            sangue branco do ar

antes que a luz roa tudo

mas eu recuso prisão para os meus olhos

colhei as minhas asas ossudas

a boca é demasiado secreta para não sentir a dor

calçai botas para o meu enterro quero

ouvir a lama amassar-vos os pés

os rouxinóis agitam a cabeça molhada, reluzentes flores negras,

as árvores verdes são monges resmungões

 

plantai-me numa colina, junto a um pego onde haja bocas-de-

            -lobo

deixem que patos velhos e sabidos cubram de luto o meu túmu-

            lo

à chuva

almas de mulheres tresloucadas mas sagazes são possuídas por

gatos

medo medo medo em saturadas descoloridas cabeças

e não quero que embalem (que consolem) a minha língua ne-

            gra.

 

Vistes como é inofensivo, hajam caridade com ele.

 

trad. de Mário Cesariny

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