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Próximo Futuro

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27
Set10

Cartas a um jovem economista

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É preciso ter uma cultura imensa e generalista, conhecer o enorme prazer que é comunicar e ser entendido e, sobretudo, ter o talento de ser pedagogo assim, naturalmente, aparentemente sem esforço, para poder ter escrito "Cartas a um jovem economista". Este livro, que acaba de ser editado no Brasil, da autoria de Gustavo H.B. Franco faz parte de uma colecção da editora Campus chamada "Cartas a um jovem..." e é claramente inspirada em obras em que autores mais "velhos" escrevem sobre a sua profissão ou ocupação a interlocutores mais jovens da mesma profissão. Das mais conhecidas e mais importantes para a História da Poesia são "As cartas a um jovem poeta de Rainer Maria Rilke"; mas há também as cartas de James Joyce, de Mario Vargas Llosa, etc..

 

As cartas a um jovem economista - dez no total -  de Gustavo Franco são uma combinação rara de lições sobre História da Economia, a função do economista na sociedade contemporânea, a cultura da economia e o testemunho emocionado, resultado da experiência que foi ter sido um protagonista da grande revolução financeira brasileira que foi a invenção do Plano Real. Neste aspecto quase se poderia dizer que o autor consegue expôr um pathos da economia.

 

A  primeira das cartas - Nosso assunto, o almoço - dá o tom a todo o livro e é desde o início cativante pelo estilo e pela clareza da exposição. Começando por se dirigir ao interlocutor - será sempre um jovem recém licenciado em economia - por Prezado, termo que aparecendo como fórmula antiga, quase fora de moda, revela desde logo um respeito, um tratamento que se quer de igual para igual e respeituosa. Depois, todo o resto da carta decorre num espírito de descoberta socrática, evocando a história, citando autores das mais diversas disciplinas e introduzindo sempre um humor elegante e cheio de oportunidade. Como  a propósito da necessidade de o economista ser fluente em inglês: "Devemos transformar o inglês no latim do mundo inteiro. Renda-se logo ao mundo globalizado e resolva de vez esse assunto - e, quanto mais cedo, melhor. É como colocar aparelho nos dentes, será um tormento se você deixar para consertar depois de velho" (p.27).

 

As cartas decorrem de uma forte experiência autobiográfica, intensa e repleta de múltiplas actividades e cargos. Mas algo ressalta ao longo de todo o livro: uma enorme paixão pelo acto de ensinar. Do início ao fim do livro o historiador, o economista, o consultor, o ex-director do Banco Central do Brasil é antes de tudo o mais, o professor universitário, uma vocação e um talento. Provas? Muitas. Mas esta basta: " O fato é que o economista possui em seu DNA uma interessante mistura de intelectual engajado, formador de opinião, reformador, evangelizador e pregador -que pode ser do gênero estridente, militante ou manso, pouco importa - que encontra uma síntese na sublime figura do professor. E é nesta figura que vejo o uso mais nobre do economista, a função que revela a melhor face desse profissional" (p. 22). 

 

O ex-presidente do Banco Central do Brasil (1993-1999) relata ao longo de várias cartas o que foi o processo da criação do Plano Real de que foi um dos autores. São textos preciosos para entender a História do Brasil Contemporâneo, não só da sua economia e finanças, mas das mudanças estruturais da sociedade, da relação da política e dos políticos com a economia e os economistas, da relação do Brasil com o Mundo, dos economistas no poder com a universidade e a teoria. São capítulos escritos com o discernimento da razão e a paixão de ter participado em tão grande e histórica aventura. Finalmente e neste registo de estímulo à intervenção do economista no mundo, o livro acaba com um email enviado a um ex-orientado de tese entretanto falecido quando se iniciava no estudo em Políticas Sociais. É um autêntico manifesto do melhor que a Economia pode dar ao mundo.

 

apr

27
Set10

Nuno Ramos

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Nuno Ramos é um artista plástico de uma qualidade ímpar. Tem neste momento várias exposições, das quais uma no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e outra na Bienal de S. Paulo. Mas ele é também um excelente escritor conhecido para um público mais vasto - incluindo os leitores portugueses - através da obra "Ó", publicada em Portugal pela Cotovia. Encontrámos um dos seus primeiros livros datado de 2001. Chama-se O Pão do Corvo.

 

E diz:

 

Contra a Luz

 

Aqui a terra aguenta nosso peso e nos dá caranguejos. Queremos voltar para a terra, para dentro da terra, mas acima de nós o céu permanece, escapando à ponta das árvores secas. Aqui só o vento é que fica, balançando a bolha ignóbil de luz, de que temos nojo. Aqui temos nojo da luz.

 

APR

 

 

24
Set10

29ª Bienal de S. Paulo

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Jacobo Borges - Imagen de Caracas

 

Depois da última Bienal que ficará conhecida como a Bienal do "vazio", polémica, mas muito frustante para a maioria dos participantes, eram muitas as expectativas desta Bienal. Tanto mais que depois da reflexão supostamente provocada pela 28ª, esta deveria anunciar algo de novo no universo das artes visuais, no sistema, no mercado, na produção. E os responsáveis conseguiram. A Bienal é da responsabilidade dos curadores Moacir dos Anjos (foi  membro do conselho científico do Estado do Mundo em 2006/07) e Agnaldo Farias, e tem como autora da concepção do espaço (brilhante!) a arquitecta Marta Bogéa. O tema da Bienal são dois versos retirados do poema Invenção do Orfeu de Jorge de Lima: "há sempre um copo de mar para um homem navegar".

 

 

Gil Vicente - Autoretrato III – matando Elizabeth II

 

O pressuposto fundamental desta bienal é o de que é impossível separar a arte da política. E isto é notório não só na escolha das peças, mas no carácter de intervenção político da própria Bienal para o qual contribui um programa de debate intenso ao longo dos meses em que a mesma estará aberta (25 de Setembro a 12 de Dezembro). Algo que desde o início confirma o carácter político da Bienal é a ponte estabelecida entre as obras de intervenção da década de sessenta e de setenta e a actualidade. De facto, nada acontece sem História.

 

apr

 

24
Set10

Hino Nacional Brasileiro (cont.)

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O Hino Nacional Brasileiro tem letra de Joaquim Osório Duque Estrada e música originariamente composta para banda de Francisco Manuel da Silva. Antes de ser escolhido como Hino Nacional era cantado pelo povo em ritmo de marcha triunfal. E há uma versão tupi cantada por várias tribos índias:

 

1ª Parte

 

Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.

Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.

Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !

Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !

Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !

Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!

 

2ª Parte

 

Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !

Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.

Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !

Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.

Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.

Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !

Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!

 

24
Set10

O Hino Nacional Brasileiro

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Vale a pena ouvir com muita atenção o Hino Nacional do Brasil. Sim, o Hino Nacional. Geralmente os hinos nacionais, que são símbolos das nações, são na maioria dos casos, guerreiros, apelando à luta, à guerra; versajam sobre sangue, balas, canhões, às vezes até vingança. Em muitos dos casos porque são sequenciais às independências conquistadas pelos países. No caso dos hinos criados entre meados do século XVIII e princípios do século XX eles têm uma tonalidade romântica e guerreira própria do nacionalismo da época. Agora ouça-se e leia-se o hino do Brasil e veja-se da delicadeza dos versos, do carácter panteísta, de uma apologia ecológica avant la lettre, da exaltação das qualidades e das virtudes humanas e da alegria a transbordar das estrofes....

 

Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança a terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

 

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida",
“Nossa vida" no teu seio "mais amores".

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça à clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

 

O Hino Nacional Brasileiro tem letra de Joaquim Osório Duque Estrada (1870 - 1927) e música de Francisco Manuel da Silva (1795 - 1865).

Ouça o Hino Nacional Brasileiro.

 

 

24
Set10

Fervilhar!

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Fervilhar! Era uma metáfora que nunca tinha entendido quando aplicada a uma realidade social, até este fim de semana, quando S. Paulo se preparava para a inauguração da 29ª Bienal de Artes. Sim, a realidade fervilhava, como um magma de conversas, inaugurações, exposições, edições de livros, mesas de refeições em várias línguas, várias etnias, várias viagens nos bairros de S. Paulo. Eram, são centenas de exposições a inaugurarem a abertura da Bienal, colóquios, encontros... tudo isto no meio de uma campanha para a eleição do próximo Presidente da República do Brasil. Sim, S. Paulo fervilhava!

 

apr

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