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Próximo Futuro

Próximo Futuro

18
Ago10

Talking about Brazil with Lilia

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Interessantíssima conversa de Robert Darnton e Lilia Schwarcz, aqui. Ou já aqui em baixo.

 

 

On a recent trip to Brazil, I struck up a conversation with Lilia Moritz Schwarcz, one of Brazil’s finest historians and anthropologists. The talk turned to the two subjects she has studied most—racism and national identity.

I first visited Brazil in 1989, when hyperinflation had nearly paralyzed the economy, favelas erupted in shoot-outs, and Lula, a hero of the union movement but still unsure of himself as a politician, was undertaking his first campaign for the presidency. I found it all fascinating and frightening. On my second trip, a few years later, I met Lilia and her husband, Luiz Schwarcz, who was beginning to build the company he had founded, Companhia das Letras, into one of the finest publishing houses in Latin America. They treated me to a day so packed with Braziliana that I remember it as one of the happiest experiences of my life: in the morning a stroll with their children through São Paulo’s main park, where families of all shades of color were picnicking and playing in dazzling sunlight; lunch, a tour of Brazilian specialties undreamt of in my culinary philosophy (but no pig’s ears or tails, it not being feijoada day); an international soccer match (Brazil beat Venezuela, and the stands exploded with joy); then countless caipirinhas and a cabaret-concert by Caetano Veloso at his most lyrical and politically provocative.

 

13
Ago10

TEMPO DE OUVIR O ‘OUTRO’ ENQUANTO O “OUTRO” AINDA EXISTE, ANTES QUE HAJA SÓ O OUTRO...

Próximo Futuro

 

 

 

(Conferência proferida por RUY DUARTE DE CARVALHO a 27 de Outubro de 2008 no âmbito da Conferência 'Podemos viver sem o Outro?'/Programa Gulbenkian Distância e Proximidade. Este texto está publicado no  livro com o mesmo título pela Tinta da China/Fundação Calouste Gulbenkian)

 

Ruy Duarte de Carvalho

 

........fazendo eu parte, cívica, emotiva e intelectualmente, da categoria geral do OUTRO em relação à Europa, também por outro lado a questão do OUTRO, e dadas as condições fenotípicas e de origem que me assistem, tem feito sempre parte da minha experiência existencial e pessoal dentro do próprio contexto, africano e angolano, em que venho exercendo a vida e ofício......  isso me tem levado, para poder ver se consigo entender o mundo e entender-me nele e com ele, a identificar e a reconhecer uma multiplicidade de OUTROS........ no presente caso retive apenas três categorias de OUTRO, que são as que me parecem capazes de permitir-me  tentar expor o que poderei ter para dizer aqui..........

 

.....considerarei aqui como OUTRO, sublinhado ou em itálico, os indivíduos e os grupos, muitos deles já nascidos ou constituídos no territórios das ex-metrópoles a partir de genitores ex-colonizados ou provenientes de ex-colónias e que hoje integram, de pleno direito estatutário, as populações nacionais dessas mesmas ex-metrópoles embora reconhecidos como diferentes da massa dominante através de traços fenotípicos ou culturais......... como ‘OUTRO’, entre apóstrofos, o ex-colonizado ocidentalizado com que o ocidente lida nos contextos das ex-colónias........ e finalmente como “OUTRO”, entre aspas, aquele sujeito marcado por traços afetos a populações que, integradas embora como nacionais em estados-nação que hoje existem a partir de contornos ex-coloniais, mantêm usos, práticas e comportamentos mais afins a quadros pré-coloniais do que pós-coloniais ou mais ou menos ocidentalizados........ quer dizer, subsiste  aí, em muitos casos, um “outro” não, ou ainda não completamente, ocidentalizado ....... . o qual, no decurso de um presente que é também o nosso, continua a ser objeto, evidentemente, de uma pressão ocidentalizante que acaba por ser a marca dominante do seu comum dia-a-dia de pessoas que à luz dos proclamados direitos do homem valem tanto como quaisquer outras pessoas no mundo..........

 

......só que a sua situação e a sua condição se revelam tão diferenciadas nos contextos nacionais em que subsistem que, da mesma maneira que aqui na Europa, onde estou agora a falar, as ex-metrópoles parece não saberem muito bem às vezes o que fazer com o outro, em itálico, que vem ao mundo em território seu, também o ‘outro’, entre apóstrofos, que gere os territórios das ex-colónias, parece também por seu lado ter dificuldade em saber o que fazer com esse “outro”, plenamente entre  aspas.........

 

..........este será, em meu entender, um dos problemas, um dos impasses colocados ao mundo de hoje pelo processo histórico que veio a configurá-lo e continua a dinamizá-lo tal como ele hoje existe, e é evidente que estou a falar da expansão ocidental como ela se tem desenvolvido e mantém em curso.................

 

 

11
Ago10

Rio de Janeiro

Próximo Futuro

 

Fios nervos riscos faíscas.

As côres nascem e morrem

com um impudor violento.

Onde meu vermelho? Virou cinza.

Passou a bôa! Peço a palavra!

Meus amigo todos estão satisfeitos

com a vida dos outros.

Fútil as sorveterias...

Nas praias nú nú nú nú nú.

Tú tú tú tú  tú no meu coracao.

 

 

 

do livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade

"Alguma poesia"

10
Ago10

FLIP – 4º dia

Próximo Futuro

A que se deve o sucesso desta Festa de Literatura? A uma organização muito profissional, a recursos importantes - dois milhões e duzentos mil euros -, apesar de os autores presentes não receberem honorários (mas a promoção nacional e internacional que adquirem é enorme), à capacidade de terem os autores certos nos momentos certos. Depois há o contexto brasileiro: os moderadores são geralmente universitários fluentemente poliglotas, da geração que terá entre os 30 e os 50 anos com visitas ou estudos nas Universidades de prestígio dos EUA. A acrescentar a isto, uma massa crítica em formação permanente, excelentes publicações e traduções, fluxo permanente dos melhores professores estrangeiros nas universidades brasileiras e finalmente: o carácter informal, a desenvoltura com que se colocam as perguntas, a ousadia de enfrentar os cânones, o hábito das conversas….ah, e claro, uma muito boa política cultural e um ministro que tem protagonismo no governo do Presidente Lula.

 

 

(A Tenda dos Autores)

 

Este dia de sábado foi muito diversificado: começou com o polémico Terry Eagleton um dos grandes críticos literários do nosso tempo a discorrer sobre religião e ciência na sequência das polémicas recentes havidas com muitos outros intelectuais, a que se seguiu a presença de dois escritores premiadíssimos - Colum Mcann  e William Kennedy - que apresentaram dos seus mais recentes livros já traduzidos, claro, para português. De tarde aconteceu um momento raro: numa homenagem  Carlos Drummond de Andrade, quatro poetas brasileiros - Antonio Cicero, Chacal, Ferreira Gular e Eucanaã Ferraz leram o primeiro livro de poesia de CDA, Alguma Poesia. Mil pessoas escutaram durante uma hora  e meia estes quatro poetas a ler o livro completo de Drummond!

A seguir seguiu-se uma homenagem a Ferreira Gular que falou da sua obra, de como 'poeta parnasiano"descobriu o modernismo quando se confrontou com um livro que tinha um poema intitulado "Lua Diurética"e como a leitura desse poema de Drummond no inicio dos anos 50 foi para ele um “terramoto" e fez dele um poeta concreto.

A última mesa do dia foi dedicada a autores de quadradinhos - Banda Desenhada - nada mais, nada menos que a Robert Crumb e Gilbert Shelton - que de uma forma docemente anárquica lá foram falando dos tempos em que começaram a fazer as tiras dos quadrados, falavam de sexo e apoiavam revistas underground e de esquerda nos anos 60 de Nova Iorque…continuam iconoclastas na forma e nas atitudes.

 

 

 

09
Ago10

FLIP - 3º dia

Próximo Futuro

O dia de hoje, sexta feira, foi particularmente pós-colonial, com mesas dedicadas à obra de Gilberto Freire, o grande sociólogo brasileiro homenageado na edição deste ano da Flip, outras dedicadas a autores iranianos como a escritora Azar Nafisi (n.1955), e israelitas, como o professor e escritor A. B. Yeshoua (n.1936), e ainda outras a autores nascidos em África, mas a residir na Europa e a trabalhar o tema da identidade, como William Boyd (n.1952) e Pauline Melville (n.1946). O dia contou também com a presença da estrela da literatura que é Salman Rushdie (n.1947), que veio a Paraty lançar o seu último livro " Luka and the fire of Life". Como é costume na Flip, as sessões foram animadas, com questões pertinentes colocadas pelos moderadores e pelo público e com intervenções singulares, tão inteligentes quanto cheias de humor. Ouvir o pioneiro dos estudos africanistas no Brasil, Alberto Costa e Silva (n.1931) - colaborou com o Próximo Futuro no jornal nº1 - falar sobre o aproveitamento político do luso-tropicalismo de Gilberto Freire, ou do deslumbramento de muitos intelectuais brasileiros pela figura do Dr. Salazar, caricaturando-os nos seus comentários, ou assistir às intervenções da socióloga brasileira Angela Alonso (n.1960) sobre a metodologia proustiana de Freire são momentos de grande gratificação intelectual para todos os participantes.

 

 

(Alberto Costa e Silva)

 

Salman Rushdie, veloz nas respostas, irónico, profissional deste género de encontros - fez-se acompanhar do filho para quem escreveu o livro que agora publica - foi uma estrela e comportou-se sabendo que o era. Mas o sofisticado raciocínio, o conhecimento histórico e o domínio da literatura deste autor são impressionantes. Aliás, um dos aspectos mais surpreendentes da intervenção de Rushdie, que fala em público num inglês erudito, é confrontarmo-nos com a sua capacidade de leitor. Aparentemente, leu tudo o que devia de ler…e ainda assim, escreve as obras que se sabe que escreve. É espantoso ver uma cidade "tomada"pela literatura, como por estes dias está a acontecer em Paraty. Mais de 30.000 pessoas, sempre com um livro na mão, passeiam-se entre as mesas de palestras e as mesas de leitura de obras, passando depois pelas livrarias, onde acontecem sessões de autógrafos, e pelos cafés literários, onde consultam os jornais do dia e leêm as revistas literárias. Por todo o lado na cidade, dos cafés às esplanadas, lêem-se livros e discute-se literatura. Façamos pois um exercício de imaginação….

 

 

 

(Público na Tenda dos Autores)

09
Ago10

FLIP - 2º dia

Próximo Futuro

 

A última mesa do segundo dia foi dedicada ao Livro e teve como conferencistas os historiadores Peter Burke e Robert Darnton. Sendo dois prestigiados historiadores da cultura que muito têm trabalhado sobre a história do livro e  a mutação da comunicação, a mesa tinha criado muitas expectativas. Superou as mais exigentes. Os dois intelectuais e professores combinaram uma clareza na comunicação com uma erudição e uma informação meticulosa, detalhada e precisa. E um dos aspectos mais fascinantes das duas intervenções foi que elas partiram da análise cultural do século XVIII e em especial da situação na corte francesa de Luis XIV e Luis XV. Foi possível vê-los discorrer, em especial Robert Darnton, sobre a redacção da Enciclopédia de Diderot e D'Alembert, da invenção da classificação dos objectos e dos estudos feitos sobre a literatura paralela “alternativa" à Enciclopédia, representada por mais de 50.000 cartas de cortesãs e de autores de best sellers da época , de romances cor-de -rosa e de literatura pornográfica, conforme catalogação de Darnton. Referindo-se também a toda a empresa que foi necessário construir para publicar os livros, traficar os interditos, criar sistemas de difusão clandestinos, explicado num contexto substancialmente diferente do universo do Google, tornou a conferência fascinante. Peter Burke, mais centrado sobre o conflito ou a co-habitação entre meios de comunicação diferentes falou do livro, mas falou sobretudo do trabalho de recolha da cultura popular e do modo como  tecnologia do registo a pode conservar, falou muito da leitura e afirmou não temer o perigo do Ipad e do Kindle. A única coisa sobre o qual é pessimista tem a ver coma possibilidade das gerações futuras perderem a capacidade de uma leitura lenta, a seu ver, esse sim o perigo da destruição da necessidade do livro.

 

A sessão terminou com uma critica muito forte de ambos os historiadores ao período de vigência dos direitos de autor (de setenta anos, na atualidade) considerando-o excessivo e tomados como uma forma de privatização da cultura (Robert Darnton). Segundo os autores, os direitos ao uso dos textos não deveriam ultrapassar os 40 anos porque os textos devem ser considerados como parte do bem estar público.

06
Ago10

FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty

Próximo Futuro

A ideia foi simples: organizar numa pequena vila piscatória e com um turismo de qualidade um festival de literatura; a saber, juntar em cinco dias alguns dos melhores escritores mundiais, muitos brasileiros - e a quantidade e género abundam - e pô-los a falar e conversar com um público que gosta de literatura. Resultou de tal maneira que este ano é já a 8ª edição e a FLIP tornou-se uma referência internacional nas áreas da literatura e da edição. Para este ano esperam-se 30.000 visitantes que chegam não só de varias cidades brasileiras como dos EUA, Inglaterra, Espanha, etc. O programa é diversificado, com 'mesas' dedicadas aos autores, a temas específicos, a literatura infantil e juvenil. Há lançamentos de livros, sessões de autógrafos, e a imprensa internacional e as editoras estão fortemente representadas. A edição deste ano é dedicada ao sociólogo brasileiro Gilberto Freire (GF), no ano em que se comemoram os cem anos do seu nascimento.

 

 

1º dia

A conferência de abertura foi feita por Fernando Henrique Cardoso (FHC), ex-presidente da república e sociólogo. No tempo em que FHC foi Presidente da República contava-se a seguinte anedota: qual é o maior inimigo, o maior opositor, o maior crítico do Fernando Henrique Cardoso Presidente? E a resposta era: o único verdadeiramente opositor é o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Na conferência intitulada Casa Grande e Sanzala: livro perene, FHC foi brilhante. E foi-o pela eloquência, pelo modo estruturado como falou - embora tendo a conferência escrita, não a leu - pelo sentido de humor, pela memória histórica e pela elegância crítica com que falou de Gilberto Freire, e não era fácil. Começou por fazer uma história da sociologia no Brasil, desde o aparecimento desta disciplina, as escolas, as críticas dos grupos - os cientistas contra os ensaístas -, o deslocamento do interesse da sociologia do nordeste para o sul com a influência dos americanos e dos ingleses na década de 30, etc. Permitiu-se, com muito humor, colocar o seu lugar (fundamental!) na história da sociologia brasileira e a este propósito relatou episódios esclarecedores de como a sociologia se foi implantando no Brasil através de vários protagonistas. Uma segunda parte da conferência foi dedicada à obra de sociologia de Gilberto Freire e foi admirável o modo como FHC conseguiu a partir dos livros (que, como disse, voltou a reler todos) decompor os traços da sociologia de GF, a evolução do seu pensamento ao longo dos anos, as representações que foi fazendo do Brasil durante o processo histórico e como, sem nunca escamotear as críticas passíveis de serem feitas a GF - acusado de anti-semitismo, racismo encapotado, falta de rigor académico - destacou o perene na obra do sociólogo homenageado. Referiu a sua qualidade literária, a preocupação em entender o Brasil e a sua multiracialidade, a passagem do patriarcado a um regime de industrialização e naturalmente a análise do esclavagismo e da produção da cana de açúcar. Acabou, afirmando que GF construiu um mito a partir de um trabalho permanente e nem sempre consequente da conciliação entre os contrários. Como pode este homem que teve uma importância histórica no processo de democratização e desenvolvimento do Brasil enquanto Presidente, no dia a dia nas rotinas do seu gabinete, nas reuniões de ministros, nas negociações partidárias, nunca ter deixado de ser o sociólogo lúcido que tão bem conhece o Brasil?

 

apr

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